CAMILA DELGADO

Hábitos alimentares e longevidade

por CAMILA DELGADO

02 de Setembro de 2020, 08h42

Camila Delgado   Imagem: Assessoria
Camila Delgado Imagem: Assessoria

Nós, profissionais da saúde, sempre falamos que comer bem proporciona um bom envelhecimento. Mas, talvez por falha nossa, não destacamos quanto isso custa, não só financeiramente, como socialmente e na cultura do idoso.

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que está ocorrendo de maneira rápida, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil1. Estima-se que entre os anos de 2000 a 2050 o número de indivíduos com 60 anos ou mais passe de 600 milhões para dois bilhões, sendo a maior parte desse aumento observada em países em desenvolvimento, onde o número de indivíduos mais velhos passará de 400 milhões para 1,7 bilhão.

Orientar e indicar somente de forma superficial o que comer e como comer não resolve todo a problemática de como é envelhecer. A atenção sobre a longevidade deveria ser um assunto estimulado desde a infância, sobre como ter uma boa alimentação e também a maneira como o alimento chega e mantem-se à mesa.

O acesso ao alimento de qualidade vem, inclusive, refletindo nos aspectos emocionais. Um exemplo é que a depressão, sendo uma das maiores doenças do século, quando presente na vida do idoso, remete ao paladar infantil, aos tempos em que conviveu socialmente com os familiares. Nem sempre o que poderia comer quando jovem é indicado a consumir quando idoso. Isso porque as necessidades nutricionais mudam e outras comorbidades estão presentes na vida dessas pessoas.

Nem sempre é fácil na rotina de consultório atender às necessidades e expectativas de pacientes em processo de envelhecimento, aproximar a cultura alimentar com as reais necessidades, principalmente se tratando de idosos com diabetes hipertensão e outros doenças cardiovasculares é um verdadeiro desafio.

Neste caso, destacar hábitos como uma forma de aprendizagem para agregar e não de impor um costume, melhorar algo que na rotina já é comum, como beber mais água, estimular o consumo de alimentos ricos em proteínas fibras, alertar e frisar a importância de diminuir ou equilibrar hábitos sem radicalismo.

Nosso papel é de profissional facilitador do bem estar. Essas transformações do nascimento ao envelhecimento, nada mais são do que um processo natural da vida. Porém é importante alertar para as próximas gerações, que adotar hábitos saudáveis não é só diminuir o açúcar e o sal à mesa, e sim construir um ambiente e relações saudáveis, seja com seus familiares ou em sociedade. Na sociedade atual, o número de doenças psiquiátricas como depressão, ansiedade geram uma carga tóxica e, às vezes, irreversível para seu envelhecimento.

Por ultimo, é relevante destacar que a saúde intestinal é especialmente responsável por nosso envelhecimento. Isso porque quando nascemos, nos desenvolvemos à fase adulta e até idosa, nosso intestino carrega uma boa parte de bactérias que correspondem a nossa imunidade, saúde de músculos, pele, cabelos e memória. Saber comer e o que comer é super importante. Também é muito comum a preocupação com o uso de vitaminas nesse período, mas se a principal máquina responsável por absorver seus nutrientes estiver comprometida nada disso funcionaria.

* CAMILA DELGADO é nutricionista com especialidade em nutrição esportiva e compartilha muitos conteúdos sobre alimentação, exercícios e estilo de vida nas redes sociais.