TRUCULÊNCIA

Vídeo mostra momento que equipe de TV é agredida por diretor da Semob

O cinegrafista da TV Cidade Verde teve o equipamento quebrado e sangramentos nas mãos. Já o repórter recebeu uma chave de pescoço aplicada pelo diretor da Secretaria

por Bruno Pinheiro, de Cuiabá

20 de Fevereiro de 2020, 13h10

Foto: reprodução
Foto: reprodução

A equipe de reportagem da TV Cidade Verde conseguiu registrar em vídeo parte das agressões que sofreu, na manhã desta quinta-feira (20), nas dependências da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) de Cuiabá (MT). As imagens mostram o então diretor da Secretaria, Michel Diniz, agindo com truculência contra os profissionais de imprensa.

O cinegrafista Odilson Zardo e o repórter Ricardo Martins estavam na Semob para apurar a denúncia de uma situação irregular de um dos veículos a serviço da Pasta. Uma caminhonete, com documentação irregular circulava pelas ruas da Capital aplicando multas e demais penalidades justamente a motoristas em situação idêntica.

Quando confrontado pela equipe sobre o caso, Diniz deu início às agressões. Além do então diretor, outros 15 agentes teriam se envolvido na confusão.

O cinegrafista da TV Cidade Verde teve o equipamento quebrado e sangramentos nas mãos. Já o repórter recebeu uma chave de pescoço aplicada pelo diretor da Secretaria.

A Polícia Militar (PM) foi acionada sobre o caso e Diniz foi levado para a delegacia, onde acabou preso. O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, exonerou do cargo o então diretor.   

VEJA O VIDEO

NOTA DE REPÚDIO DA TV CIDADE VERDE

A TV Cidade Verde manifesta seu veemente repúdio à agressão sofrida na manhã desta quinta-feira (20) pelo repórter Ricardo Martins e pelo cinegrafista Odilson Zardo, que estavam no exercício da profissão, apurando uma denúncia sobre um carro da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) que circula pela Capital durante a realização de fiscalizações e aplicação de multas, estando supostamente em situação irregular.

Ao chegar à Semob para apurar a denúncia, a equipe da TV Cidade Verde foi agredida pelo diretor de Trânsito da Secretaria, Michel Diniz, que quebrou a câmera e machucou o Odilson Zardo. O profissional tinha marcas de sangue em virtude da agressão. O diretor ainda tentou dar uma “chave de braço” e enforcar o repórter Ricardo Martins. A equipe registrou um boletim de ocorrência.

O episódio mostra uma situação grave de desconhecimento do papel da imprensa e uma afronta ao direito de liberdade de expressão. É importante destacar que um país democrático precisa de uma imprensa livre que possa efetivamente comunicar à população sobre o que está acontecendo nas diversas esferas dos poderes, sempre com apuração e responsabilidade.

É muito grave, triste e lamentável esse episódio de violência contra a equipe de reportagem da TV Cidade Verde. Jornalistas no exercício da profissão não podem ser cerceados e, muito menos, agredidos durante a produção de uma reportagem de interesse público.

NOTA DE REPÚDIO DA ASSOCIAÇÃO CINEGRAFISTA DE MT

A Associação Cinegrafista de MT, vem a público repudiar com veemência os atos de agressão e cerceamento ao livre exercício profissional dos jornalistas Ricardo Martins, repórter, e Odilson Figueiredo (ZARDO), cinegrafista, da TV Cidade Verde, quando ambos os representantes da imprensa realizavam seu trabalho de cobertura de uma matéria jornalística em frente a (SEMOB), na cidade de Cuiabá e foram agredidos quando ambos os representantes da imprensa realizavam seu trabalho de cobertura Jornalística.

Os atos de agressão foram expressamente direcionados não apenas aos profissionais diretamente atingidos, mas, sim, a todo o jornalismo brasileiro. Constatou-se a total falta de tolerância ao trabalho da imprensa, que tem como missão informar a sociedade brasileira. Essa intolerância comprometeu o caráter da própria instigação realizadas pelos profissionais da imprensa.

A prerrogativa do jornalista é sagrada, independe da opinião de cada um dos profissionais envolvidos no relato dos fatos ou da forma como a notícia é registrada, pois o compromisso inarredável é com o fato.

Portanto, devido é sempre o respeito à prerrogativa profissional dos que exercem o jornalismo, como condição de compromisso com a liberdade de expressão e de imprensa. A falta de respeito e a repressão arbitrária da informação e da comunicação social, atentam contra a sociedade, a Pátria e o Estado Democrático de Direito.

Deplorável foi, é e será, qualquer ação de indivíduo, grupo de pessoas ou organizações, que aviltar a sociedade intentando destruir o exercício do direito de informar, transmitir e opinar, com ética, dignidade e profissionalismo.

A CMT permanece à disposição dos jornalistas agredidos, para apoiá-los no que for necessário, inclusive com departamento jurídico, reiterando seu histórico compromisso – firmado há mais de oitenta e seis anos, no dia 1º de maio de 1933, na defesa incondicional da liberdade de imprensa.