PARALISAÇÃO
Servidores do Socioeducativo realizam mobilização após rebelião na unidade de Rondonópolis
"Uma frase me marcou bastante, alguns pediam para que furassem nossos olhos", lembra servidor que ficou refém durante rebelião.
21 de Outubro de 2015, 10h25
Servidores do Centro Socioeducativo de Rondonópolis realizaram na manhã desta quarta-feira-feira (21), uma mobilização em frente a unidade reivindicando melhorias na estrutura e a contratação de mais agentes de segurança. Segundo o representante do Sindicato da Carreira dos Profissionais do Sistema Socioeducativo do Estado de Mato Grosso (Sindpss), Robson Machado, as atividades na unidade estão paralisadas deste o último domingo (18), data em que aconteceu uma rebelião, onde houve destruição das celas e dois agentes foram mantidos reféns.
"Esta mobilização está acontecendo em todo o país. Equipes de todas as unidades do estado de Mato Grosso estão em Brasília participando da mobilização. Aqui em Rondonópolis, aderíamos ao manifesto, e também, é um protesto contra a rebelião realizada no último final de semana. A estrutura está totalmente destruída, sem nenhum tipo de segurança, portanto, não podemos manter esses adolescentes aqui. Nós precisamos de efetivo para realização das atividades", esclareceu Robson.
Ainda segundo o representante do Sindicato, a unidade conta hoje com 25 agentes de segurança divididos em quatro plantões. O ideal seria de 8 a 10 agentes por plantão.
Até o último domingo, data da rebelião, 21 adolescentes estavam apreendidos no Centro Socioeducativo. Desse total, dois foram encaminhados ao anexo da Penitenciária Mata Grande, por completarem a maior idade, e sete receberam alvará de liberdade.
12 menores em conflito com a lei continuam apreendidos em três celas e estão aguardando decisão judicial para possível transferência. "Nosso interesse não é apenas transferência desses menores e reforma. Precisamos de efetivo para que possa existir segurança", afirmou o representante do sindicato.
Durante a rebelião os menores encaminharam uma lista com várias reinvindicações, entre elas, melhoria na qualidade da comida servida, e que fosse autorizada a entrada de roupas de cama por parte dos familiares. No momento da negociação, os menores se mostravam bastante nervosos e irritados, chegando a arremessar objetos contra os policiais. Além disso, celas foram destruídas e colchões queimados.
"Alguns pais disseram à imprensa que os menores estavam sofrendo maus tratos. Isso não é verdade. Eles têm seis refeições diárias e também não sofreram agressões durante a rebelião, conforme comprovação nos exames de corpo e delito. Apenas um dele teve ferimentos causados pelos próprios companheiros de cela. Enquanto isso, eles estavam gritando pedindo para tirar a vida dos reféns", contou Robson Machado.
Dois agentes de segurança foram mantidos reféns pelos adolescentes, entre eles os servidor L.R, que por medo de represália não quis se identificar. No pescoço ainda estão as marcas das agressões provocadas por "chuchu", arma artesanal.
"Ficamos por volta de 5 horas como reféns. Eles estavam bastante nervosos e agitados. Um incentivava o outro a nos furar. Uma frase me marcou bastante, alguns pediam para que furassem nossos olhos", lembrou o servidor.
Quatro agentes de segurança devem ser afastados por 180 dias das atividades por atestado psicológico.
A maioria dos adolescentes foram apreendidos pelos crimes de tráfico de drogas, roubo e homicídio.
Os servidores afirmam que só retornam as atividades após as reinvindicações serem atendidas pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), responsável pelo sistema socioeducativo.