SAÚDE

Itália decreta 'toque de recolher' em regiões onde há casos do novo coronavírus

Medidas, que visam frear a propagação da doença, afetam 11 cidades e uma população em torno de 50 mil pessoas. Já são mais de 100 casos confirmados de Covid-19 no país. Milão suspende aulas e Veneza cancela dois dias de Carnaval.

por G1

23 de Fevereiro de 2020, 12h22

Imagem: Reprodução / G1
Imagem: Reprodução / G1

O governo da Itália publicou na noite deste sábado (22) um decreto com medidas para conter o avanço do novo coronavírus, que já matou duas pessoas no país.

Segundo autoridades, já são mais de 130 casos confirmados da doença. O país enfrenta dificuldades para localizar o "paciente 0", ou seja, quem trouxe o novo coronavírus para a Itália.

A legislação de emergência restringe a circulação nas cidades afetadas pelo vírus, proíbe a entrada e saída de pessoas dessas regiões e paralisa atividades comerciais e escolares.

De acordo com a imprensa local, 11 cidades são afetadas pelo decreto, com uma população que envolve mais de 50 mil pessoas. Milão suspendeu as aulas e Veneza cancelou os dois últimos dias do famoso Carnaval da cidade. Os dois municípios ainda não estão nas áreas de risco (leia mais abaixo).

O governo italiano listou as seguintes medidas para as áreas com focos da doença:

os cidadãos que estiverem em áreas ou municípios com caso confirmado de Covid-19 não poderão deixar o local;

está proibida a entrada de pessoas de fora em áreas ou municípios com caso confirmado da doença;

suspensão de atividades e eventos públicos de qualquer natureza, mesmo em locais fechados ou públicos;

suspensão de aulas em todos os níveis escolares e de ensino superior, exceto para ensino à distância;

suspensão de abertura de museus públicos e outros institutos culturais;

suspensão de todas as viagens educacionais, nacionais e internacionais;

cidadão que entrar na Itália será obrigado a avisar o governo que esteve em alguma área de risco de contaminação;

suspensão de todas as atividades comerciais, exceto as de utilidade pública e serviços públicos essenciais;

circulação de pessoas para acessar serviços e empresas públicas essenciais está condicionado ao uso de equipamentos de proteção individual (como máscaras);

limitação no acesso ou suspensão de serviços para o transporte de mercadorias;

suspensão de atividades de trabalho para empresas, exceto para as que prestam serviços essenciais e de utilidade pública;

Quem não seguir as regras, irá descumprir um artigo do código penal italiano, que prevê multa de 206 euros ou até três meses de prisão. Segundo o jornal “Corriere Della Sera”, até o momento, 11 cidades são afetadas pelo decreto do governo.

A Lombardia, no norte do país, é a área mais afetada, com 10 municípios isolados: Codogno, Castiglione d'Adda, Casalpusterlengo, Fombio, Maleo, Somaglia, Bertonico, Terranova dei Passerini, Castelgerundo e San Fiorano. O outro fica na região de Veneto (Vo 'Euganeo).

"Já atribuímos à polícia um mandato [de força] e, se necessário, haverá as Forças Armadas, mas estamos muito confiantes com a colaboração cidadã. Tenho certeza", disse o primeiro-ministro Giuseppe Conte à imprensa local.

Milão, que é a cidade mais conhecida da Lombardina, não faz parte das áreas de risco neste momento. O prefeito Giuseppe Sala anunciou que ordenará o fechamento das escolas e que, embora "ele não queira uma cidade blindada", medidas precisam ser tomadas.

Carnaval de Veneza interrompido

Os dois últimos dias (segunda e terça) do Carnaval de Veneza, que atrai turistas de todo o mundo, foram cancelados por causa do coronavírus, afirmou neste domingo (23) o chefe da região de Veneto, Luca Zaia.

Zaia disse a repórteres que os eventos agendados para o domingo na cidade continuarão conforme o planejado. "Mas a partir desta noite haverá uma proibição no Carnaval de Veneza, bem como em todos os eventos, até o dia 1º de março, inclusive", disse ele.

Mais cedo, Zaia relatou três casos de coronavírus em Veneza. Segundo a imprensa local, a cidade ainda não está na área de risco determinada pelo governo italiano.

Ônibus , trens e outras formas de transporte público – incluindo barcos em Veneza – estavam sendo desinfetados, disse o governante a repórteres.

Semana de moda e futebol são afetados

O surto de Covid-19 afetou também a Semana de Moda de Milão, uma das mais famosas do mundo. O desfile da nova coleção da grife Armani ocorreu a portas fechadas, apenas com transmissão via internet.

Segundo os organizadores ouvidos pela agência de notícias Associated Press, mesmo com a preocupação, o evento seguirá conforme planejado.

A Câmara Nacional de Moda da Itália disse em comunicado que não há indicações de autoridades de saúde de que mudanças sejam necessárias. Porém, a associação afirmou que cabe às marcas decidirem individualmente se vão seguir adiante ou não.

A Dolce & Gabbana, que não faz parte da câmara de moda, estava programada para continuar como planejado, de acordo com a assessoria de imprensa.

Como efeito do novo coronavírus no país, a federação de futebol da Itália suspendeu 3 jogos do campeonato nacional por estarem nas regiões que tiveram casos confirmados pela doença.

Imigrantes em quarentena

Um navio de resgate de imigrantes com 272 pessoas chegou ao país neste fim de semana. Como medida de precaução, o governo da Itália decidiu colocar todos em quarentena. De acordo com o jornal "La Repubblica", são 208 adultos e 64 crianças, que estavam a bordo do navio Ocean King.

A prefeitura de Ragusa, que cuida do porto de Pozzallo, está organizando a recepção de acordo com as orientações do governo. Os imigrantes serão mantidos em quarentena no ponto de acesso, enquanto a tripulação permanecerá isolada a bordo "pelo tempo que for necessário".