VENDE E ALUGA
Mercado imobiliário segue encarando novo modelo de negócio, opina empresária
Aumento da procura por financiamento e preço menor empacam locação de casas. Avaliação, porém, não é de crise
23 de Março de 2017, 09h45
De 2014 pra cá, o mercado imobiliário em Rondonópolis tem se adaptado a um novo formato de negócio. Numa espécie de balança imaginária, o setor se equilibra entre o aumento pela procura por financiamento de imóveis graças a programas como o Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, e baixa na demanda pela locação, em especial de residências com valor de aluguel superior a R$1mil/mês. Quem atua neste ramo, porém, afasta os rumores do pessimismo.
Diferente da realidade do comércio na cidade, especificamente no mercado imobiliário residencial, ainda que o volume de casas com placas de venda ou aluga-se se mantenha em alta não se pode atestar um momento de crise. "Assim funciona a balança. Na medida em que parte das pessoas busca adquirir a casa própria, aumenta a oferta da locação. Mas existe, ainda, o fato de termos uma cidade prestadora de serviços. Rondonópolis sempre recebeu muitas pessoas e, com isso, mais imóveis tendem a ser alugados", é o que afirma Flávia Campos, empresária do ramo, proprietária de imobiliária.
O negócio, como explica, é da família e atende tanto a procura por imóveis para fim comercial quanto residencial, locação e venda. Intermedia, ainda, o financiamento. "Muitos dos residenciais novos na cidade têm nos dado clientes. Temos lançamentos que já foram ou estão sendo vendidos", garante. "Como um todo, isso mantém o mercado aquecido", diz.
Preço
Mesmo em bairros antes considerados bem localizados e dentro do padrão médio procurado, residências vazias têm se tornado uma realidade comum. A empresária correlaciona: "Claro que o crescimento pelo imóvel próprio mudou um pouco a realidade do mercado. Hoje há proprietários que optam por baixar um pouco o valor do aluguel ou mesmo os que se dispõem a renegociar o preço com o inquilino para fidelizar. Isso pode ser feito, por exemplo, dispensando o reajuste a cada vencimento de contrato, congelando o preço caso a pessoa ou família que alugue seja de confiança".
Ainda a exemplo, a empresária enumera a procura pela locação de acordo com o valor dos imóveis. Entre R$ 700 a R$ 1 mil em média, diz, se mantém à disposição -e o orçamento- de quem busca morar de aluguel. Quem antes cedia um imóvel para locação com preço acima disso hoje tem passado por certa adaptação. A parcela que costumava pagar mais barato foi em busca de financiamento e puxou o mercado para um tipo de reajuste às avessas. "De setembro de 2016 pra cá, porém, as pessoas têm recuperado a confiança financeira e os preços estão bem mais estabilizados", frisa Campos.
Segurança
Quem também puxou para baixo o valor do aluguel residencial foi o fator 'segurança'. Assim como a busca por imóvel próprio, cresceu recentemente a procura de inquilinos por apartamentos e pequenos condomínios. Se até pouco a prioridade de quem aluga era ter espaço, hoje ter o vizinho por perto não parece mais tão má ideia. "Há bairros que costumavam ter muita procura e hoje deram uma caída", confirma a empresária.
Junto à segurança, a questão regional pode ter influenciado no aumento das placas de locação e venda fixadas nos portões. Cidade de polos, Rondonópolis se divide e espalha quase que proporcionalmente. "Isso faz com que seja mais desafiador fechar com quem aluga em qualquer região. Dificilmente quem nasce ou cresce em uma determinada região -um lado da cidade- se interessa em morar na parte oposta. As pessoas preferem ficar perto do lugar onde já estão habituadas. Isso, além do preço, é sempre muito ponderado", finaliza Campos.