TECNOLOGIA DE PONTA

Brasil ganha destaque como exportador de genética bovina superior

Além da inseminação, a transferência de embriões também cresce no Brasil.

por Da redação

23 de Junho de 2022, 15h33

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Divulgação

A melhoria genética foi uma das maiores contribuições para revolucionar a pecuária brasileira, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Atualmente, com o avanço da inseminação artificial, da fecundação in vitro, da produção de embriões e da clonagem animal, “de importador de bovinos, o país passou a exportador de genética bovina superior”, destacou o pesquisador da Embrapa e titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA, Evaristo de Miranda.

“A comercialização de doses de sêmen para cliente final, a exportação e a prestação de serviços cresceram 21% em 2021. Foram 28.706.330 doses de sêmen, contra 23.705.584 em 2020, segundo a Associação Brasileira da Inseminação Artificial (Asbia)”, informou Evaristo em recente artigo.

O pesquisador ressaltou que em 2021, as vendas de genética para o cliente final aumentaram 18%. “Foram 25.449.957 doses vendidas no País, contra 21.575.551 em 2020. O sêmen de raças de corte aumentou 22%”.

Segundo a Asbia, o setor leiteiro cresceu 6%, e a prestação de serviço 47%, com 2.390.636 doses de sêmen bovino, contra 1.621.937 em 2020. Em 2021, a inseminação artificial foi usada em 4.463 municípios (80% dos existentes), com aumento de 4,1% sobre 2020.

Segundo ele, os touros selecionados são levados a centros especializados para coleta do sêmen, com análise apurada de qualidade e sanidade. “De cada procedimento são produzidas em média 500 doses. A coleta em 2021 somou 23.919.732 doses e cresceu 61% em relação a 2020 (14.899.623 doses)”, disse.

Transferência de embriões

Além da inseminação, a transferência de embriões também cresce no Brasil. A produção começa nas fazendas, com a retirada dos óvulos de fêmeas selecionadas, para serem fertilizados in vitro em centros especializados. Fêmeas fornecedoras de óvulos têm grande valorização.

“A vaca da raça nelore Viatina FIV Mara Móveis teve 50% de sua propriedade vendida, por R$ 3.99 milhões, em Uberaba (MG), durante a ExpoZebu, com valorização recorde de R$ 7.98 milhões, a maior já obtida por um nelore”, destacou o pesquisador e acadêmico.

Os embriões obtidos são implantados em vacas receptoras, ou seja, mães de aluguel. E podem ser preservados por décadas, como o sêmen. Locais afastados se beneficiam do melhoramento genético pela inseminação artificial e pela transferência de embriões, mesmo sem touros de qualidade na região.

Vendas

Quanto à exportação de genética bovina, Evaristo informou que em 2021 foram vendidas ao exterior 865.737 doses de sêmen, contra 508.096 em 2020, um crescimento de 70%. “Para 2022, o Brasil deve exportar mais de 1 milhão de doses, fruto da valorização do sêmen e da genética obtida no país”, disse.

Já o faturamento na exportação de sêmen, segundo ele, aumentou 22% (R$ 1 bilhão) em 2021. “Incluindo embriões bovinos, além do sêmen, o valor atinge R$ 1.3 bilhão, com crescimento de 35% em relação a 2020”.

Além disso, o especialista lembrou que, com o credenciamento de novas empresas de genética bovina para exportar e o aumento do preço médio da dose de sêmen, o setor deve alcançar R$ 1,5 bilhão no mercado externo em 2022. “Se o material genético de raças leiteiras é o mais vendido no exterior, a demanda por bovinos de corte está crescendo”, disse Evaristo.

“A exportação de material genético é acompanhada pelo Ministério da Agricultura, seguindo o protocolo sanitário do país importador. Grande parte das certificações é dada por centros de coleta habilitados”, complementou o especialista.

Ganhos

Ainda segundo Evaristo, a variada especialização genética brasileira para a zona intertropical garante ganhos em rusticidade, adaptação ao calor, resistência a doenças e parasitas (carrapatos, moscas e bernes), desempenho, eficiência e qualidade.

“Isso impulsiona a produção e a exportação de sêmen e embriões de bovinos de corte e leite para a América Latina, além de vendas a países africanos, asiáticos e do mundo árabe. Conquista recente foi o acordo sanitário com o Suriname. Há mais mercados abrindo-se em 2022”, revelou o pesquisador.

Parcerias

Ele mencionou ainda a parceria da Embrapa Gado de Leite com a Índia para o melhoramento genético do gado Gir, de origem indiana, e acrescentou que outros países tropicais  como a Colômbia, Bolívia, Equador, Guatemala, República Dominicana, Panamá e Costa Rica também já formalizam parcerias. “Israel é um mercado promissor”, avaliou Evaristo.

“Com o melhoramento genético, mais pecuaristas conseguem, além da produção de carne e leite, aumentar sua renda com a venda de sêmen e embriões, aqui e no exterior”.