Suicídio
Suicídio: Coren-MT defende discussão mais ampla sobre saúde mental
25 de Março de 2019, 14h10
Diante das discussões em torno da saúde mental dos profissionais de enfermagem, que se fortaleceram depois da notícia sobre a morte da enfermeira Anna Angélica Dorileo, no último sábado (23), o presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT), Antônio César Ribeiro, argumentou que o suicídio precisa ser visto de maneira mais ampla, como um problema social.
Ele cobrou aprofundamento no debate sobre saúde mental e trabalho, argumentando que o adoecimento emocional se relacionada a múltiplas causas. "Essa situação é lamentável e nos solidarizamos com a família e a categoria, quem morreu foi uma colega minha", disse. "Precisamos entender o suicídio como uma doença social. Não há somente um fator associado ele, via de regra, está ligado a um processo de depressão e o ambiente pode melhorar ou piorar o quadro".
Ribeiro apontou o esgotamento emocional e físico provocado pela atividade da enfermagem, piora diante das más condições de trabalho, da baixa remuneração e da sobrecarga. Mas considerou superficial associar o adoecimento apenas à profissão. "Ela tinha um problema que era dela, pessoal e o contexto em que atuava favoreceu a piora".
O presidente lembrou da atuação dos conselhos regionais e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) junto aos parlamentares em defesa dos projetos de lei de interesse da categoria que tramitam no Congresso Nacional.
Entre eles, estão o PL nº 2295/2000, que regula a jornada de 30 horas semanais; o PL nº 459/2015, sobre o Piso Salarial Nacional; a Lei do Descanso Digno para a Enfermagem (PLS 597/2015) e o projeto que prevê aposentadoria especial para a categoria (PLS 349/2016).
E lembrou que o Coren-MT também apoia a pesquisa "Perfil de saúde e qualidade de vida dos profissionais da enfermagem a partir dos 60 anos", coordenada por Ribeiro junto à Faculdade de Enfermagem da UFMT, cujos dados vão contribuir para a discussão em torno das condições de trabalho da categoria, que tem entre suas temáticas a questão da saúde mental.
Competências
O presidente do Coren-MT também diferenciou a competência legal dos conselhos e dos sindicatos, cobrando a responsabilidade do Sindicato dos Trabalhadores da Enfermagem de Mato Grosso (Sinpen-MT), a quem cabe discutir questões trabalhistas junto aos empregadores, cobrando melhores condições contra o adoecimento dos profissionais.
Ele afirmou que há mais de um ano o conselho tenta sem sucesso articular com o Sinpen-MT a reativação do Fórum das Entidades de Enfermagem, que reunirá as duas entidades e a Associação Brasileira de Enfermagem.
E lembrou que as condições de trabalho da categoria têm sido apontadas nas fiscalizações realizadas periodicamente em todo o Estado, pelo Coren-MT, cuja função legal é regulamentar e fiscalizar a prática profissional.