OPINIÃO
Falar inglês não é sobre sotaque, é sobre ser ouvido
26 de Fevereiro de 2025, 06h01

No meu dia a dia como professora de inglês, observo como a clareza na comunicação transforma o aprendizado dos alunos. Muitos chegam inseguros, mas logo percebem que o mais importante é a capacidade de se expressar com segurança e objetividade.
O inglês é considerado uma língua universal, e sua relevância no mercado global exige adaptação. Dados da pesquisa Learning English in Brazil, do Data Popular Institute para o British Council, apontam que 91% dos executivos de empresas em 77 países acreditam que o inglês é a língua dominante nos negócios. Diante disso, a ultrapassada pressão por um inglês “perfeito” dá lugar à necessidade de uma comunicação pragmática e eficaz, em que termos técnicos e jargões globais prevalecem sobre expressões regionais.
Nas aulas, quando os alunos priorizam um vocabulário relevante, percebo um salto em sua confiança e eficiência na comunicação. O sucesso não está na perfeição gramatical, mas na capacidade de adaptar o idioma ao contexto. Em ambientes profissionais multiculturais, a última preocupação deve ser o sotaque britânico ou estadunidense. O essencial é compartilhar um vocabulário globalizado, garantindo compreensão e promovendo trocas enriquecedoras.
Para ilustrar como a comunicação eficaz independe do sotaque, basta lembrar os discursos de Fernanda Torres em sua campanha publicitária para o Oscar. Mais do que utilizar carisma e palavras-chave, ela foi extremamente articulada ao se expressar, transmitindo sua mensagem de forma simples e eficaz. E fez isso com seu sotaque brasileiro, uma marca cultural que reforça sua história e identidade.
Ainda sobre minha experiência com os alunos, valorizo a simplicidade e a clareza. O objetivo não deve ser esconder o sotaque ou ter vergonha dele, e sim, garantir que a mensagem seja compreendida por todos. Em outras palavras, investir em vocabulário profissional específico demonstra conhecimento e flexibilidade linguística, facilitando a colaboração e a inovação.
Para quem deseja se destacar, recomendo focar no inglês aplicado à sua área de atuação. Mais do que apenas ampliar o vocabulário, é essencial desenvolver habilidades profissionais, como participar de reuniões, negociar, gerenciar crises e fazer apresentações. Um profissional de logística, por exemplo, se beneficia ao dominar termos como supply chain e lead time, mas também ao saber utilizá-los de forma estratégica. Na tecnologia, além de expressões como blockchain e user experience, a capacidade de comunicar ideias com clareza faz toda a diferença.
Complementando o aprendizado, é fundamental incorporar o inglês técnico na rotina. Ler artigos, assistir a vídeos e ouvir podcasts relacionados à sua área, todos em inglês, amplia o vocabulário e familiariza o profissional com as nuances do idioma no contexto corporativo.
A comunicação eficaz não se resume a uma gramática perfeita, mas à capacidade de se fazer entender e agregar valor às interações. Quando priorizamos a clareza e o pragmatismo, tornamos o inglês uma ferramenta poderosa para o crescimento profissional e a conexão global.
*Carla D’Elia é especialista em ensino de Business English e fundadora da Save Me Teacher.