ONOFRE RIBEIRO

Os avós pós-pandemia

por ONOFRE RIBEIRO

28 de Julho de 2020, 10h22

Imagem: Reprodução
Imagem: Reprodução

O mundo moderno construiu uma imagem muito dura contra as pessoas maduras. Ignorou o seu protagonismo na construção da história atual e na montagem do mundo em que hoje vivemos.

De repente, quem não frequentar freneticamente as academias. Não tiver corpo construído, sorriso de plástico, smartfones fantásticos, tênis de hipermarcas, roupas de grife poderosas, não tem habilitação pra vida moderna.  Gente fora desse padrão deixou de ser enxergada.

O mundo dividiu-se entre tribos. Nelas não cabiam os avós. Domingo passado foi o dia dos avós. Mesmo tendo sido eles que trouxeram os últimos 70, 80 anos do mundo atual até aqui, a modelagem de agora não cabe gente madura.

Logo, os avós ficaram fora de moda e mal vistos pela sociedade. Esqueceu-se do seu poder de referência de valores e das normas naturais da vida baseadas na convivência, na compaixão e no bem viver.

Avô de hoje viveu os duros anos das décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980, principalmente. Tempos difíceis. Ou faltava bens de consumo pro conforto, comida pouca, faltava energia elétrica, carros, educação....coisas assim!

Os tempos de hoje são muito mais bem estruturados. Mas a sociedade de consumo de bens, tornou-se também uma sociedade predadora dos mais fracos e dos maduros.

Os avós saíram do campo do bem querer das famílias e foram transferidos por bairro, pro apartamento solitário, pro condomínio distante ou pro asilo mesmo. Vidas corridas e cheias de compromissos com o consumo e com a vida de plástico. Os que permaneceram nas casas tinham lugar de pouca ou nenhuma importância. Como se vivessem no porão da casa e a família jovem no andar de cima. Separando-os por com fechadura do lado de cá.

Domingo foi o dia dos avós. Com os home office e o trabalho em casa, o medo do vírus covid, os maduros estão sendo redescobertos e convidados a frequentar o andar de cima. Sabe por que? Na hora da incerteza, sempre buscamos que conhece incertezas e entende de certezas. Oferece segurança e paz guardados na imagem serena dos cabelos grisalhos....

Viva os avozinhos que estão voltando a ser reconhecidos como gente conhecida!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.