OPINIÃO

Muito além da LGPD: Os gargalos da privacidade de dados nas empresas do Brasil

por Ricardo Maravalhas

28 de Agosto de 2024, 13h01

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Divulgação

A crescente preocupação com a privacidade e proteção de dados tem colocado um grande peso sobre os ombros das equipes de privacidade nas empresas brasileiras. No entanto, uma análise recente dos dados revela um descompasso significativo entre as necessidades dos profissionais dessa área e os investimentos das empresas em ferramentas tecnológicas que poderiam melhorar o desempenho, a produtividade e o ambiente de trabalho dessas equipes.

De acordo com a pesquisa Compliance On Top 2024, 57% das equipes de privacidade das empresas no Brasil possuem até, no máximo, três pessoas. Este dado é alarmante quando consideramos a complexidade e a crescente demanda por conformidade com regulamentos de proteção de dados. Além disso, 72% dessas equipes não possuem dedicação exclusiva à privacidade, indicando que os profissionais estão sobrecarregados com outras responsabilidades dentro da organização. Esta falta de foco exclusivo pode comprometer a eficácia na gestão da privacidade e proteção de dados.

A pesquisa da Cyber Security Dive destaca que 53% dos profissionais reclamam de tarefas repetitivas. Esta repetitividade não só reduz a eficiência, mas também contribui para um ambiente de trabalho monótono e desmotivador. Ainda mais preocupante é que 63% desses profissionais relatam esgotamento, um indicativo claro de que a carga de trabalho é insustentável e que os métodos atuais de trabalho não são adequados para lidar com as demandas.

A mesma pesquisa revela que 93% dos profissionais gostariam que as empresas adotassem automações no trabalho. As tecnologias de automação podem desempenhar um papel crucial na redução de tarefas repetitivas e na melhoria da eficiência. No entanto, segundo Relatório da empresa Democratizando (2024), 71% das empresas entrevistadas em sua pesquisa não adotam nenhuma ferramenta tecnológica para apoiar suas equipes de privacidade. Esta falta de investimento em tecnologia, de certa forma alarmante, acaba por provocar os efeitos danosos acima indicados, contribuindo para resultados abaixo das possibilidades do time contratado.

A ausência de ferramentas tecnológicas não só afeta a produtividade dos profissionais de privacidade, mas também contribui para um ambiente de trabalho menos satisfatório. As automações poderiam aliviar a carga de trabalho, permitir que os profissionais se concentrem em tarefas mais estratégicas e reduzam o risco de erros humanos. Além disso, um ambiente de trabalho mais equilibrado e suportado por tecnologia poderia mitigar os níveis de esgotamento e aumentar a retenção de talentos na área de privacidade.

Os dados evidenciam um claro descompasso entre as necessidades dos profissionais de privacidade e os investimentos das empresas em ferramentas tecnológicas. Enquanto os profissionais clamam por automações que possam melhorar seu desempenho e qualidade de vida no trabalho, a maioria das empresas ainda não reconhece a importância de tais investimentos. Para resolver este descompasso, é crucial que as empresas compreendam o valor estratégico das equipes de privacidade e invistam nas ferramentas tecnológicas necessárias para capacitar esses profissionais, garantindo conformidade e proteção de dados de maneira eficiente e sustentável.

Ricardo Maravalhas é fundador e CEO da DPOnet, empresa com mais de 3500 clientes, que nasceu com o propósito de democratizar, automatizar e simplificar a jornada de conformidade com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) por meio de uma plataforma SaaS completa de Gestão de Privacidade, Segurança e Governança de Dados, com serviço de DPO embarcado, atendimento de titulares, que utiliza o conceito de Business Process Outsourcing (BPO) e IA integrada (DPO Artificial Intelligence)