OPINIÃO

As novas rotas de tráfego de dados

por Rafael Siqueira

03 de Junho de 2024, 06h44

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Divulgação

O tráfego de Internet, apesar de ser algo presente e cotidiano na vida das pessoas, nem sempre é conhecido e reconhecido no dia a dia. Quando ligamos nossas televisões à noite para assistir nossas séries favoritas no streaming, muitas vezes, não imaginamos que esses dados trafegaram milhares de quilômetros pelo mundo antes de chegar às nossas casas.
 

Por meio do controle remoto, os conteúdos que escolhemos trafegam pelos postes dos provedores de Internet, chegam a Data Centers e percorrem cabos submarinos que ligam o Brasil e o mundo e, depois, fazem todo caminho de volta, em questão de milissegundos.
 

São dezenas de terabytes, do entretenimento ao mercado financeiro, trafegando por centenas de rotas de conectividade no mundo inteiro.
 

Nesse contexto, o Brasil está ganhando uma importância global cada vez maior, sendo um dos principais ponto de troca de tráfego de dados do Hemisfério Sul e um dos mais importantes do mundo. Fortaleza é uma peça fundamental em todo processo.
 

Apesar da importância do Sudeste, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro, que são os principais geradores de dados, a capital cearense mostra seu protagonismo sendo o ponto de partida e chegada do tráfego internacional.
 

Assim como na 2ª Guerra Mundial, a região que foi já chamada de cotovelo do mundo, tem uma posição estratégica, sendo o ponto mais curto entre África, América Central, América do Norte e Europa.
 

Atualmente, Fortaleza, conhecida como o Hub da Internet no Brasil, já concentra 17 cabos submarinos e 13 dos mais importantes Data Centers do Brasil, alguns de última tecnologia, como o AngoNAP certificado Tier II, que fica na Praia do Futuro e recebe 2 cabos submarinos que conectam o Brasil as Américas, Europa e África e garantem internet rápida para o resto do país. Isto acontece, por exemplo, pela proximidade com o continente europeu, distante cerca de seis mil quilômetros.
 

Só que esse número está aumentando. Ao menos quatro novos Data Centers já foram anunciados para os próximos anos, o que representa um crescimento de cerca de 30%. Isso representa um aumento de capacidade sem precedentes para o tráfego de dados no Brasil, que reúne condições para se posicionar como uma potência em I.A. por conta de um mercado muito grande e com um ecossistema de inovação ainda pouco explorado e em desenvolvimento, que já vem se destacando globalmente, Internet das Coisas que já possui um sistema setorial de inovação desenvolvido com capacidade de gerar e implementar as tecnologias necessárias e o Machine Learnig que tem desempenhado um papel fundamento na transformação digital do Brasil.
 

O potencial de transmissão de dados já foi colocado à prova e atendeu bem às necessidades globais. Em março deste ano, uma ação militar dos Houthis (grupo militar ligado ao Irã que atua no Iêmen), danificou ao menos quatro cabos submarinos no Mar Vermelho, no Oriente Médio, interrompendo o tráfego de dados entre a Europa e a Ásia, além de causar um apagão de Internet na Costa Leste da África.
 

A alternativa foi redirecionar o tráfego de dados por outras rotas, passando pelo Brasil e pela Costa Oeste da África, para chegar à Ásia, via Hemisfério Sul.
 

Hoje, o Ceará já é o segundo ponto de troca de tráfego do Brasil, ultrapassando o Rio de Janeiro e ficando atrás apenas de São Paulo. Mas, pelo cenário atual, há grandes chances que essa liderança mude no futuro próximo.

Além disso, também estamos testemunhando o crescimento na geração de dados no Centro-Oeste do Brasil, principalmente puxado pelo agronegócio, onde a Tecnologia avança no campo e produtores utilizam da conectividade na modernização do negócio.
 

Rafael Siqueira é Gestor de pré-sales e pricing na Angola Cables.