“DESCONTROLADO”

Prefeito de Primavera do Leste solta o verbo contra discurso de Zé do Pátio

Léo Bortlin reagiu a fala infeliz do prefeito de Rondonópolis, que acusou a gestão vizinha de irresponsabilidade por reabertura econômica e ocupação de UTI neste município

por Robson Morais - De Rondonópolis

04 de Junho de 2020, 08h53

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Divulgação

O prefeito de Primavera do Leste, Leonardo Bortolin (Léo), não deixou barato o que chamou de “afirmações levianas” proferidas ontem (3) pelo prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio. Durante a coletiva concedida à imprensa na manhã de ontem, o gestor rondonopolitano acusou de irresponsabilidade a administração vizinha, que reabriu as atividades econômicas e teria enviado, segundo ele, pacientes para ocupar leitos de UTI neste município.

Ocorre que, como bem pontuado por Bortolin, Pátio mentiu. “O prefeito de Rondonópolis fez afirmações levianas, o que demonstra o desconhecimento da própria rede de saúde operacionalizada em seu município”, rebateu Bortolin. “Ele disse que além das mortes de Primavera do Leste que ocorreram lá (Rondonópolis), existem quatro pacientes daqui internados naquele município”, lembrou, antes de iniciar o rebote.

Bortolin seguiu: “Em primeiro lugar, não houve morte de cidadãos nossos, nem aqui (Primavera) e nem lá (Rondonópolis). Depois, não existem quatro pacientes de Primavera internados em Rondonópolis, são apenas dois”, argumentou. “O que ele (Zé do Pátio) não explicou é os leitos não são do município ou da Prefeitura, são do Estado. De responsabilidade do Estado. Regulados pelo Complexo Regulador Regional e disponibilizados a todos os municípios da região sul, além de outros, em caso de necessidade”, completou.

Para o prefeito de Primavera do Leste, Pátio foi descontrolado. “Ora bolas, por que ele disse isso? Acredito que seja porque é muito mais fácil jogar culpa nos outros, do que assumir as falhas da própria omissão”, disse. “Talvez, toda essas afirmações colocadas de maneira descontrolada sejam porque, em Rondonópolis, tenham ocorrido 9 mortes e, em Primavera, nenhuma”.

Sobre a reabertura do comércio, Bortolin defendeu a medida, dizendo que ela evitou  prejuízo de vidas para a cidade, diferente do que ocorreu em Rondonópolis, que desde o início da pandemia adotou regras de distanciamento social de forma taxativa. “Aqui (em Primavera), nós trabalhamos com responsabilidade, com cada um fazendo sua parte, por não podemos ser hipócritas. Trabalhamos junto a nosso Comitê, somos um dos poucos municípios que tem feito testagem em massa da nossa população. Rondonópolis, hoje, não possui leitos, enquanto que, por aqui (Primavera), nós não gastamos dinheiro em respiradores falsos, por exemplo”.

Ao final da fala, Bortolin deixou mais um recado para Zé do Pátio: “Vá atrás de informações antes de jogar para a plateia. Dê satisfação, bata no peito e assuma suas ações para a sua população”.

Mea culpa

Mais tarde, ainda ontem (3), a Prefeitura de Rondonópolis emitiu nota, tentando justificar a fala do prefeito. No texto, argumenta que o pronunciamento ocorreu por conta da “preocupação com a ocupação dos leitos, em virtude do avanço do coronavírus”.

Leitos, de fato, são do Estado

Os 10 leitos de UTI que competem ao município de Rondonópolis são, na verdade, leitos de suporte. Ou seja, não dispõem de todo o aparato para que sejam considerados leitos completos de UTI. Até o momento, nenhum sequer foi credenciado junto ao Ministério da Saúde, justamente porquê, no entendimento federal, o município possui um total de zero nos moldes adequados. Sem os ajustes necessários, Rondonópolis periga, inclusive, perder recursos federais destinados ao combate do coronavírus.

Outro ponto: desde o início da pandemia, entre compras adquiridas e intenções fracassadas, a gestão Zé do Pátio já gastou cerca de R$ 20 milhões de reais. Neste montante, importante lembrar, estão os mais de R$ 4 milhões gastos em respiradores falsos -dos quais a polícia recuperou apenas R$ 3 milhões – e a intenção de compra de papel toalha e papel higiênico pelo valor de R$ 750 mil.

Rondonópolis tem apenas 20 leitos de UTIs públicas, sendo 10 já contratualizados pelo Governo do Estado na Santa Casa e mais 10 também do Estado no Hospital Regional. Além disso, o governo estadual está com o diálogo aberto para contratar mais dez leitos na Santa Casa, porém o hospital quer garantias formais de contratualização do serviço.