OPINIÃO
TV 3.0: a revolução que vai transformar a televisão aberta e o marketing no Brasil
04 de Setembro de 2025, 06h09

A televisão aberta brasileira, que sempre foi o meio de comunicação mais popular do país, está prestes a passar por uma grande transformação. A partir de 2026, começa a ser implementada no Brasil a TV 3.0, tecnologia que une a força de alcance da TV tradicional com a interatividade e a inteligência do mundo digital. Oficializada por decreto presidencial, a novidade vai muito além da qualidade de imagem e som em 4K ou até 8K. Ela representa uma mudança na forma como as pessoas consomem conteúdo e, principalmente, na maneira como marcas e anunciantes se conectam com o público.
Com a TV 3.0, os canais vão funcionar como aplicativos dentro da própria televisão, de forma semelhante ao que já acontece nas plataformas de streaming. O telespectador poderá interagir com os conteúdos, participar de enquetes, acessar informações extras, receber alertas de emergência sem internet e até realizar compras pelo controle remoto. Essa integração entre TV e recursos digitais abre espaço para um modelo de publicidade totalmente novo, onde os comerciais deixam de ser apenas mensagens unilaterais e passam a oferecer experiências de engajamento em tempo real.
As agências de publicidade também terão um papel fundamental nessa transformação. Com a chegada da TV 3.0, não será mais suficiente produzir apenas os comerciais tradicionais: será necessário desenvolver campanhas que unam a força da narrativa televisiva com a inteligência e a interatividade do digital. Isso significa criar anúncios pensados para gerar engajamento, explorar a segmentação de público e oferecer experiências que vão além dos 30 segundos na tela. As agências que se atualizarem rapidamente poderão oferecer aos clientes um serviço mais completo e inovador, aproveitando ao máximo o potencial dessa revolução que mistura o alcance da TV aberta com a precisão das plataformas digitais.
Na prática, isso significa anúncios interativos, segmentação de campanhas de acordo com localização e perfil do público, e métricas detalhadas sobre quantas pessoas interagiram com a propaganda e de que forma. A lógica de performance, antes exclusiva de ferramentas digitais como Google e Meta Ads, passa a fazer parte também da televisão aberta. Essa mudança não apenas aumenta a efetividade das campanhas, mas também torna o investimento em TV mais estratégico e mensurável.
Um dos pontos mais importantes desse avanço está na publicidade local. Se até hoje anunciar na televisão aberta era algo distante para pequenas empresas, a TV 3.0 promete democratizar esse espaço. Grandes marcas locais poderão exibir seus comerciais apenas para regiões específicas, dialogando diretamente com o público de interesse. Isso reduz custos, evita desperdício de mídia e fortalece o comércio local, que ganha um novo canal de visibilidade antes restrito às grandes marcas.
Especialistas do setor avaliam que a TV 3.0 será também uma resposta à concorrência com as big techs e os serviços de streaming. Ao oferecer interatividade, segmentação e mensuração, a televisão aberta passa a competir em condições mais próximas do digital, sem perder sua maior vantagem: o alcance massivo e gratuito. Essa convergência transforma a TV em uma plataforma híbrida, capaz de unir o melhor dos dois mundos e oferecer novas possibilidades de comunicação.
O Brasil se prepara, portanto, para assistir não apenas a uma evolução tecnológica, mas a uma revolução no mercado de mídia. A TV 3.0 muda a experiência diante da tela e abre espaço para estratégias de marketing mais criativas, precisas e acessíveis. E, talvez o mais importante, dá voz e visibilidade a negócios locais, que agora terão a televisão como aliada para se conectar com a comunidade e ampliar seus resultados. O futuro da TV aberta será interativo, personalizado e inclusivo, e isso muda também o futuro da publicidade no país.