OPINIÃO

Créditos condominiais: Como atuar de forma estratégica e sair do vermelho

por Ricardo Chalfin

06 de Dezembro de 2025, 06h00

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Divulgação

A inadimplência condominial sempre foi um grande desafio para os gestores e se tornou um problema nacional, que exige uma gestão moderna com soluções inovadoras para preservar o equilíbrio financeiro dos prédios e conjuntos residenciais. Hoje, em um cenário econômico cada vez mais volátil, muitos condomínios operam com margens apertadas e recorrem a medidas emergenciais para fechar o caixa e um modelo insustentável no longo prazo, pelo fato de sempre estarem “apagando incêndios”.

Infelizmente é um problema crônico. Para se ter uma ideia, de acordo com dados do Secovi-RJ com o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), entre janeiro e agosto de 2024 foram quase 10 mil ações condominiais, sendo 89,9% relacionadas a despesas. Já na Paraíba, o Secovi-PB revelou taxa de inadimplência de 13,86% em julho de 2025, gerando prejuízo estimado de R$ 7 bilhões anuais e comprometendo serviços básicos como limpeza, segurança e manutenção. Em São Paulo, o Secovi-SP reportou 869 ações judiciais por falta de pagamento em janeiro de 2025, e no Rio Grande do Sul, o Secovi-RS registrou média de 16,52% de inadimplência em agosto de 2024.

Com esses dados preocupantes, estamos diante de uma urgência: adotar uma uma abordagem estratégica e tecnológica. Hoje existem fintechs  especializadas em crédito e gestão condominial que tem  transformado a forma como síndicos e administradoras lidam com o problema, oferecendo soluções de antecipação de receitas, conciliação automática, score de risco e plataformas digitais de negociação. Além disso, essas ferramentas permitem recuperar capital de forma rápida e previsível, sem depender apenas do aumento de taxa ou de ações judiciais demoradas.

Porém, é preciso ir muito além da tecnologia: a educação financeira dos condôminos é um pilar essencial. Trazer e incentivar programas que orientam sobre o impacto coletivo da inadimplência e incentivos como descontos por adimplência pontual reduzem atrasos, assim como fortalecem a cultura de corresponsabilidade. Isso vale para políticas de comunicação ativa, com avisos personalizados e canais digitais de negociação com estratégias simples que já elevaram significativamente os índices de pagamento no prazo.

Um outro ponto importante é a revisão na forma de cobrança. Muitas vezes não é necessário ajuizar ações por protestos de dívidas. Existem plataformas digitais que conciliam dados, histórico de pagamento e perfil de comportamento que permite negociar antes do conflito e recuperar o crédito com menos desgaste, sem ser via extrajudicial ou judicial. 

A meu ver, o futuro do setor condominial passa necessariamente pela integração entre inovação e gestão inteligente. Quando há a união entre governança transparente, tecnologia financeira e análise de dados, os condomínios deixam de reagir a crises e passam a antecipá-las. Em um país onde mais de 25 milhões de brasileiros vivem em condomínios segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o equilíbrio financeiro dessas comunidades é também uma questão de sustentabilidade urbana. É justamente nesse ponto que as startups do ecossistema de inovação e administradoras inovadoras têm o poder de transformar a inadimplência em oportunidade, e o vermelho, em azul. E você, está preparado para a nova era?

 

*Ricardo Chalfin é CEO e fundador da Wind Capital, uma empresa especializada em soluções de crédito condominial, que vem transformando o acesso a recursos financeiros no setor imobiliário e condominial, oferecendo crédito ágil, descomplicado e com desembolso em até 24 horas, permitindo que condomínios e fornecedores tenham um fluxo de caixa saudável e impulsionam projetos sustentáveis, obras e despesas operacionais.