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Dono da Petrópolis, que tem fábrica em Rondonópolis, se entrega e é preso pela PF
Ele é alvo da 62ª fase da Operação Lava Jato e tinha contra si um mandado de prisão preventiva expedido no âmbito da operação "Rock City"
06 de Agosto de 2019, 08h11

O empresário Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, considerado foragido desde o último dia 31 de julho, se entregou ontem (5) à Polícia Federal (PF), em Curitiba. Ele é alvo da 62ª fase da Operação Lava Jato e tinha contra si um mandado de prisão preventiva expedido no âmbito da operação "Rock City", fase da Lava Jato que investiga o suposto pagamento de propinas disfarçadas de doações eleitorais e operações de lavagem de dinheiro feitas pelo grupo comandado por Faria.
Segundo as investigações, comandadas pelo Ministério Público Federal (MPF), o Grupo Petrópolis teria auxiliado a construtora Odebrecht a pagar propina para políticos por meio de um esquema de troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior. As investigações tiveram início ainda em 2016, após ser encontrada uma planilha com nomes de políticos e referência à cerveja Itaipava na casa do executivo da construtora Odebrecht Benedicto Junior.
De acordo com o apurado pelo MPF, Walter Faria e executivos do Grupo Petrópolis lavaram cerca de R$ 329 milhões de reais em contas fora do Brasil para a Odebrecht e, mesmo com a quebra do sigilo bancário dos investigados, as contas ligadas ao dono da Petrópolis no exterior continuaram sendo movimentadas em 2018 e 2019, conforme a investigação. Ele inda teria tentado usar o programa de repatriação de recursos de 2017 para trazer de volta ao país cerca de R$ 1,4 bilhão que foram obtidos de forma ilícita.
Em Mato Grosso
O Grupo Petrópolis possui uma fábrica de bebidas em Rondonópolis, que é a quinta maior do grupo no país, e suspeita-se que tenha pagado propina disfarçadas de doação eleitoral para pelo menos dois ex-governadores e vários outros políticos poderosos do estado em troca da criação e manutenção de incentivos fiscais. Estima-se que o Estado deixou de arrecadar cerca de R$ 800 milhões em impostos com essas isenções.
De acordo com as investigações, o Grupo Petrópolis teria repassado ao menos R$ 3 milhões para a campanha eleitoral do ex-governador Pedro Taques (PSDB) e pagado cerca de R$ 2,5 milhões de dívidas de campanha do também ex-governador Silva Barbosa.
A lista de beneficiários das "doações" da Petrópolis incluem os ex-prefeitos de Rondonópolis, Adilton Sachetti (PRB), que recebeu ao todo pelo menos R$ 600 mil da empresa, e Rogério Salles (PSDB), que recebeu R$ 150 mil por via indireta.