OPINIÃO
As mudanças climáticas e o saneamento básico
08 de Fevereiro de 2025, 07h14
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Um assunto que deixa apreensiva a população no mundo inteiro pelas consequências são as mudanças climáticas. Isso é natural porque já tem gerado sérias adversidades e ainda podem provocar mais ainda no futuro se não forem trabalhadas. O saneamento básico é um dos setores que sentem mais os impactos desses desequilíbrios climatológicos e tem sofrido como nunca com as frequentes ondas de calor, secas e tempestades.
Os serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos; e os sistemas de drenagem e manejo da água das chuvas, por exemplo, tendem a ficar mais sobrecarregados em razão dessas transformações no planeta. A infraestrutura de saneamento básico pode ficar comprometida e contribuir com mais alagamentos, e paradoxalmente também ter menos oferta de água potável, além da contaminação das respectivas fontes. As enchentes geram ainda riscos de danificar ou sobrecarregar sistemas de esgoto e tratamento, causando o transbordamento de águas residuais da chuva.
No bojo dos prejuízos, as tempestades podem aumentar a concentração de sedimentos nos mananciais, e isso às vezes provocam alagamentos e contaminação. Do outro lado, as secas que afetam uma região tendem a prejudicar o abastecimento vindo dos mananciais, diminuindo a disponibilidade de água e, por consequência, é preciso recorrer a fontes alternativas de menor qualidade.
Nos ambientes aquáticos a partir do crescimento de certos nutrientes eventualmente ocorre a eutrofização (processo de poluição de corpos de água por inúmeros fatores como esgotos, efluentes, agrotóxicos, fezes de bovinos, mortes em grande escala de animais ou plantas, além outras causas). O fenômeno às vezes surge naturalmente, mas pode acontecer por causa de atividades dos seres humanos. Cientistas verificaram que vários problemas de eutrofização têm sido agravados pelo aquecimento global.
Outro aspecto a ser considerado nesta inquietante problemática é a elevação do nível do mar. As regiões litorâneas têm a possibilidade de sofrer com a salinização de fontes de água doce, o que complica o acesso à água potável e por consequência a operação de sistemas de saneamento.
O que já se sabe nitidamente é que as mudanças climáticas prejudicam os cidadãos porque também afetam de diversas formas o saneamento. E se a infraestrutura básica de serviços é insuficiente ou precária os impactos climáticos ficam ainda mais acentuados. Os efeitos na saúde pública são inegáveis, porque a interrupção de serviços de saneamento por causa de desastres naturais aumenta os riscos de epidemias ou outras enfermidades transmitidas pela água, como a cólera e a hepatite A.
Em contrapartida, já há várias soluções e adaptações para enfrentar esse novo desafio da humanidade. Um deles é estabelecer uma infraestrutura resiliente, implementando construções de sistemas de saneamento capazes de resistir a eventos climáticos extremos, como redes de esgoto subterrâneas e estações de tratamento de esgoto mais resistentes. É importante também fazer uma gestão integrada de recurso hídricos, criação de mais áreas verdes, e implantação de sistemas de drenagens sustentáveis.
*Engº Francisco Carlos Oliver é diretor técnico industrial da Fluid Feeder Indústria e Comércio Ltda., especializada em tratamento de água e de efluentes por meio de soluções personalizadas. www.fluidfeeder.com.br