OPINIÃO

O novo Marco Legal do Saneamento é a oportunidade para o avanço no tratamento de água e de soluções sustentáveis

por André Ricardo Telles

08 de Setembro de 2024, 13h19

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Divulgação

O mercado de saneamento e tratamento de água e efluentes no Brasil está passando por um período de profundas transformações. Impulsionado por novas legislações, avanços tecnológicos e uma crescente demanda por soluções sustentáveis, o setor enfrenta desafios, mas também inúmeras oportunidades.

A aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento, em 2020, estabelece metas ambiciosas para a universalização do acesso à água potável e ao esgotamento sanitário até 2033.

Para que essas metas sejam alcançadas, é necessário que haja um esforço conjunto de todos os stakeholders - governos, setor privado, sociedade civil e comunidade científica - para desenvolver soluções que sejam ao mesmo tempo inovadoras, sustentáveis e economicamente viáveis.

Esse movimento está atraindo o interesse de empresas privadas, fundos de investimento e players internacionais, resultando em um ambiente mais competitivo e na busca por tecnologias inovadoras.

Com a implementação do Novo Marco Legal do Saneamento, as expectativas de investimentos no setor são altas. A modernização das infraestruturas de saneamento requer a adoção de novas tecnologias que possibilitem um tratamento mais eficiente e sustentável da água e dos efluentes. Tecnologias de tratamento biológico avançado, sistemas de reuso de água e processos de dessalinização estão ganhando destaque, assim como soluções baseadas na natureza, que buscam integrar infraestrutura verde com a cinza, promovendo maior resiliência ambiental.

As empresas de saneamento estão sendo desafiadas a desenvolver soluções que reduzam o consumo de energia e a emissão de gases de efeito estufa, enquanto garantem a qualidade e a eficiência dos serviços prestados. A digitalização e o uso de inteligência artificial para otimização de processos e previsão de falhas são tendências que têm se consolidado no setor, permitindo maior controle e redução de custos operacionais.

Além disso, a abertura do mercado de saneamento para o investimento privado tem gerado um aumento na competitividade, visto que os fundos de investimento e grandes players internacionais veem o Brasil como um mercado promissor, devido ao vasto déficit de saneamento e às oportunidades de crescimento que ele apresenta.

No entanto, essa competição crescente também impõe desafios, pois as empresas precisam não apenas estar alinhadas com as exigências regulatórias, mas também ser inovadoras para se destacar em um mercado cada vez mais disputado.

Destaca-se também que o desafio de universalizar o acesso ao saneamento básico em um país de dimensões continentais como o Brasil exige uma abordagem diversificada. Regiões com diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social demandam soluções customizadas, que atendam às especificidades locais e que sejam economicamente viáveis. Isso cria um campo propício para parcerias público-privadas, onde a colaboração entre governos e iniciativa privada pode trazer investimentos necessários e expertise técnica para viabilizar projetos de grande escala.

Essa evolução observada no mercado de saneamento e tratamento de água e efluentes no Brasil aponta para um cenário de contínua inovação e transformação. Com a implementação do Novo Marco Legal do Saneamento, o país tem uma oportunidade de avançar rumo à universalização dos serviços básicos de saneamento, promovendo uma expressiva melhoria na qualidade de vida da população e na proteção dos recursos naturais.

*André Ricardo Telles é CEO da Ecosan Sustentabilidade, empresa líder em engenharia das águas desde 1983, dedicada a transformar os desafios ambientais em soluções inovadoras.