OPINIÃO
A inteligência artificial tem se tornado comum nas redes sociais
09 de Janeiro de 2025, 14h28
Gerenciar redes sociais (como Instagram, Linkedin e TikTok) não é fácil. Admiro-me quando as pessoas tratam “o cuidar” dessas ferramentas de comunicação como uma coisa simples, do tipo, vamos fazer 30 cards (artes), mais 30 textos neutros e vamos publicar: pronto, gerenciamos a nossa rede social!
Mas quem trabalha com isso sabe que não é bem assim! Muitas pessoas criaram uma necessidade de postar coisas sem conteúdo algum, só para cumprir tabela. A quem estamos tentando convencer ao ter que postar três conteúdos por dia, religiosamente? Na verdade, eu sempre me pergunto isso, esta rede social que gerencio, é para quem?
Responder a essa pergunta é primordial para tocar em frente e conquistar um sucesso com o seu público definido, e vale ressaltar que sucesso não é somente ter seguidores, mas sim interação, repostagens, comentários e clientes! A rede social que você cuida pode não alcançar o “mundo”, mas é importante que ela alcance quem você tanto almeja.
Criamos tantas regras para esse gerenciamento de redes sociais que, eu acredito de verdade, muitos de nós nos perdemos. Com a inteligência artificial, a um clique você cria uma arte, a outro clique, uma legenda, e a mais um clique você anima tudo isso e programa a postagem. Maravilha, mas tudo isso para quem mesmo?
Eu acho que o segredo da rede social hoje em dia não é mais a inteligência artificial (IA), mas sim o humano, a falha, a risada despercebida, as letras que se repetem ao final de uma frase para dar entonação. E não se enganem, isso é muito, mas muito mais difícil de se fazer do que prezar pela estética. Fazer conteúdo “humano”, se assim podemos dizer, exige dedicação.
Vou citar um exemplo que vivenciei: eu sempre faço testes nas redes que eu gerencio, afinal não existe fórmula mágica. Ao testar me dedicar aos posts perfeitos, com filtros que deixam as pessoas todas iguais e com textos de chat que começam com os asteriscos e os tópicos, eu observei uma queda grande na interação.
Na outra semana eu optei por postar conteúdos mais espontâneos, um vídeo engraçado e pouco elaborado, uma foto de uma ação cotidiana, as imagens de uma reunião realizada, tudo com a legenda (copy) bem habitual, do tipo “saca o que está rolando”, “corre pra ver”, “mas tá bonito por demax”. Enfim, resultado? Um alcance melhor, uma entrega melhor, uma interação maior.
Isso é uma crítica à IA? Nem um pouco! Acho que ela está aí para nos ajudar, mas acredito que seja isso, nos ajudar no que temos dificuldades, mas não ser a resposta para tudo. E, ao contrário do que muitos pensam, esse trabalho “manual” exige muito mais tempo, pesquisa, tática e planejamento, mas eu garanto que dá certo ao final.
Outra coisa importante é entendermos que interação em redes sociais importa e muito! Hoje a rede social é a sua vitrine, o seu catálogo, a sua mídia, a sua publicidade, a sua construção de imagem, sem rede social a sua empresa/instituição é uma desconhecida, as pessoas aceitando ou não! Portanto, é imprescindível valorizar a sua rede.
Qual o primeiro lugar em que você pesquisa para saber de algo? A maioria pesquisa na rede social, e aí, quando não a encontra, ou até acha uma rede social um pouco “fria”, logo já desconfia. O fato é, como quero falar com meu público, como alcanço ele nas redes? Tudo isso define a sua linguagem e o andamento de toda a comunicação da sua empresa.
O importante é saber que “brincar” de rede social é seguir as tendências, as trends, os memes, falar diretamente com as pessoas, porque essa é a linguagem esperada para quem acessa essas ferramentas, e como ela é desafiadora! E tudo isso deve ser construído e trabalhado para que converse com o seu objetivo. Um vídeo que virou trend, por exemplo, pode atrair seu público interno e ser uma bela ação de endomarketing!
Portanto, quando pensar em gerenciar redes sociais, pense que esse conteúdo é contínuo, do cotidiano, informativo e leve, muitas vezes até cômico. Basta se perguntar: o que curto nas redes sociais? Eu curtiria a minha página se não fizesse parte dela? Talvez o que precisamos é experimentar mais, conversar mais e nos sentirmos mais próximos para tornar páginas empresariais em personas, afinal, a verdadeira proximidade vem de quem a gente sente que conhece, e não necessariamente de quem a gente acha perfeito!
E você, acha que inserir IA em tudo, padronizar conteúdos e tornar tudo perfeito são atitudes que o novo mercado exige ou isso é apenas um impulso coletivo?
Adriele Rodrigues – Doutora em Comunicação e Mediações Culturais e Assessora de Comunicação