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Pátio dialoga para manter Cidade de Pedra atuando em Rondonópolis

Sem contrato há mais de quatro anos, empresa segue prestando serviço. Trabalhadores ameaçaram paralisação

por De Rondonópolis - Robson Morais

05 de Fevereiro de 2019, 15h17

Pátio dialoga para manter Cidade de Pedra atuando em Rondonópolis
Pátio dialoga para manter Cidade de Pedra atuando em Rondonópolis

O prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio -SD, se reuniu ontem, 4, com o gerente-geral da empresa Cidade de Pedra, Paulo Sérgio da Silva, e seus trabalhadores. O encontro ocorre dias após o manifesto dos profissionais da categoria na Câmara dos Vereadores, ainda sob a possibilidade de paralisação dos serviços de transporte coletivo na cidade. A companhia opera com contrato vencido há mais de quatro anos.

Enquanto o Executivo não encaminha um novo processo licitatório, o foco é manter a Cidade de Pedra como empresa prestadora. Durante o encontro, Zé do Pátio se comprometeu com a Cidade de Pedra a aumentar o auxílio dado pelo município para o passe-livre, que hoje é de 0,38% spobre cada passagem, para 0,50% sobre cada passagem.

Para tratar do transporte coletivo em Rondonópolis foi composta uma comissão presidida pelo secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Metello, e integrada por membros da Câmara de Vereadores, da empresa Cidade de Pedra, do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre de Rondonópolis e Região (STTRR), da União Rondonopolitana das Associações de Moradores de Bairros (Uramb), do Observatório Social, do Gabinete de Apoio à Segurança Pública (Gasp), da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Rondonópolis (Acir) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) que se reunirá regularmente para debater esse assunto, apresentar propostas e encontrar uma solução viável.

Câmara

Na última quarta-feira, 30, os vereadores de Rondonópolis entraram em consenso na sessão Ordinária e abriram espaço às reivindicações dos profissionais do transporte coletivo, reunidos no Plenário da Casa.

Brigando por melhorias, a categoria cogitou nesta semana paralisar os serviços diante da possibilidade da empresa Cidade de Pedra, prestadora, retirar seus veículos de circulação.

Por dez minutos, foi autorizada a fala ao presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Rondonópolis e Região (STTRR), Luiz Gonçalves da Costa. Segundo ele, a maior preocupação é com os 150 trabalhadores que correm o risco de perder seus postos de trabalho, além dos prejuízos à população que utiliza o serviço. "Diretores da Cidade de Pedra não foram recebidos pelo prefeito (José Carlos do Pátio -SD) e já indignados com esta situação nós trabalhadores viemos para cá", iniciou o discurso.

No início da semana passada, a empresa protocolou um documento estipulando um prazo de 90 dias para que a situação seja resolvida junto ao Poder Executivo. Três processos licitatórios abertos, dois durante a gestão do ex-prefeito Percival Muniz -PDT, deram como fracassados.

Para o presidente, a falha é de responsabilidade do Poder municipal. "Os editais que foram abertos, na verdade, não encontram empresa nenhuma disposta a atender porque são incompatíveis com o que a cidade comporta. O prefeito tem que fazer um edital e uma licitação com base em estudo técnico de acordo com a atual realidade. O último estudo de base é de 2014", diz.

Ainda segundo Costa, com a frota "defasada" e sem avanço no contrato, não foi pedido o reajuste da tarifa (leia aqui), mas a situação preocupa. "Os trabalhadores estão adoecendo, os usuários sendo prejudicados. Com estudo técnico certo e que atenda as duas partes, as empresas ou até mesmo a própria Cidade de Pedra tem força para renovar a frota e prestar o serviço", avalia. "O prefeito precisa abrir as portas para uma reunião e com bom senso procurar atender às reivindicações da empresa".

Nos números, cerca de 12 mil pessoas/dia utilizam o transporte coletivo em Rondonópolis, segundo o presidente. Boa parte destes beneficiários de isenção. Financeiramente, mesmo com incentivos, a prestação do serviço não compensa, alega a empresa. O documento protocolado solicita do poder público subsídio financeiro de R$ 350 mil ao mês, além da isenção de 5% de ISS sobre a arrecadação bruta.

Vereador contesta

Logo após a fala do presidente, o vereador Orestes Miráglia -SD rebateu alguns dos pontos. Classificou como "muito pouco" o real ganho do município em manter o transporte a cargo da Cidade de Pedra. "Alguém aqui já viu um ponto de ônibus sequer construído ou instalado pela empresa? Eu nunca vi", disse. "Se os ônibus fossem de qualidade, o que nós veríamos era todo mundo utilizando, até gente engravatada. Mas é claro que isso não acontece. Sem transporte de qualidade, a solução de muito trabalhador foi recorrer a carros e motos. Hoje são 47 mil motos neste trânsito caótico, do qual a Secretaria responsável não dá conta", completou.

O vereador lembrou, ainda, que uma das reivindicações do poder público não atendidas pela empresa era a aquisição de veículos com ar condicionado, além de ampliação das linhas e horários.