DA BANCADA EVANGÉLICA
Deputado Victório Galli quer criminalizar pessoas trans no uso de banheiros públicos no país
11 de Julho de 2016, 07h42
Essa vem direto de Brasília e, acredite, não é história de pescador. O deputado federal pelo Partido Social Cristão (PSC) acaba de sugerir um projeto de lei típico de sua bancada evangélica que apita fortemente na capital federal: quer criminalizar pessoas transgênero caso utilizem banheiros públicos que não sejam de acordo com o sexo biológico.
O projeto estabelece ainda que o homem que efetuar a mudança de sexo e a mulher que fizer o tratamento hormonal para ter características masculinas, e que comprovar a mudança de nome por decisão judicial transitada em julgado, "fará uso de banheiro conforme seu sexo", como consta no parágrafo único do projeto.
Para Galli, o uso dos banheiros de acordo com a identidade de gênero, ou seja, aquele com o qual o indivíduo se identifica, é preocupante. Classifica, ainda, como terror o uso indiscriminado por pessoas de sexo oposto ao que sinaliza a placa de entrada. "É preciso normatizar essa matéria com única intenção de prevalecer o bom censo(sic), por uma sociedade que clama pelos valores éticos e morais", consta no projeto.
Victório Galli é conhecido por projetos polêmicos, principalmente, entre os movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). Em maio, o deputado e e outros 27 integrantes da Bancada Evangélica assinaram projeto de decreto legislativo, com o objetivo de impedir o uso do nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de travestis e transexuais na administração pública federal.
A título de comparação, recentemente o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama encabeçou a chamada "batalha dos banheiros", convocando as instituições de ensino do país a permitires que os alunos decidam que banheiro querem usar, de acordo com sua identidade de gênero. Em uma carta dirigida aos distritos educativos e universidades, os departamentos de Justiça e Educação dão diretrizes detalhadas com o objetivo de garantir um acesso sem discriminação aos estudantes transexuais aos banheiros.
Em resumo: "Não há espaço em nossas escolas para nenhum tipo de discriminação, incluindo a discriminação contra estudantes transgêneros por causa de seu sexo", disse a promotora-geral Loretta Lynch em um comunicado.
Mais: "Nenhum estudante deveria se sentir rechaçado em uma escola ou em um campus universitário", argumentou o secretário de Educação, John King.
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Na opinião desta coluna, ou o presidente da maior potência do Planeta está completamente errado ou o deputado Galli e sua bancada evangélica precisam rever com urgência seus conceitos.
Na terra dos ianques, questões polêmicas se resolvem com Constituição e políticas de inclusão. No Brasil, caminhamos ainda pautados no tripé "boi, bala e bíblia" que discrimina e abre as brechas para discursos de ódio sem o espaço devido ao chamado Estado Laico e ao direito de liberdade do ser.
Terceiro mundo com cabeça e política de terceiro mundo.