DELAÇÃO PREMIADA

Alan Malouf devolve R$5,5 milhões e acusa “caixa 3” de Pedro Taques

A informação consta do próprio acordo de colaboração premiada, enviado ao STF pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge

por GazetaMT

20 de Outubro de 2018, 08h45

Alan Malouf devolve R$5,5 milhões e acusa “caixa 3” de Pedro Taques
Alan Malouf devolve R$5,5 milhões e acusa “caixa 3” de Pedro Taques

 O empresário Alan Malouf - delator da operação "Rêmora" -, se comprometeu a devolver R$ 5,5 milhões como uma das condições para homologação de seu acordo de colaboração premiada. Do total, R$ 4 milhões foram arbitrados a título de multa, e R$ 1,5 milhão por danos morais. A informação consta do próprio acordo de colaboração premiada, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradora-Geral da República (PGR), Raquel Dodge, no dia 8 de fevereiro de 2018. A reportagem é de Diego Frederici, do FolhaMax.

 

 Dos R$ 4 milhões referentes à multa, R$ 3,38 milhões poderão ser pagos por meio de imóveis "precedidos de avaliação a ser realizada por avaliadores cadastrados perante a Justiça Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso". Como complementação dos pagamentos, Malouf se dispôs a pagar duas parcelas anuais - nos meses de julho e dezembro, entre 2018 e 2022, no valor de R$ 212.000,00 cada.

 

Alan Malouf, que seria um dos principais operadores de um esquema de Caixa 2 que abasteceu a campanha do governador Pedro Taques (PSDB), em 2014, também será condenado, no máximo, a 15 anos de reclusão. Do total, porém, Malouf passará apenas 7 meses no regime "diferenciado", ou seja, prisão domiciliar.

 Após o período, em caso da condenação de 15 anos, ele deverá passar 1 ano e 5 meses no "regime semiaberto", com monitoramento eletrônico, devendo se recolher em sua residência nos dias úteis da 00h00 à 08h00 e com recolhimento aos finais de semana em período integral. O restante da pena, nos 13 anos seguintes, deverá ser cumprida no regime aberto.

 

 "13 anos no regime aberto diferenciado sem tomozeleira eletrônica, devendo comparecer em juízo uma vez ao mês para justificar as suas atividades, bem como para se ausentar da cidade em que reside, salvo em seu outro endereço, constante do parágrafo primeiro infra", revela o acordo.

 

 "CAIXA 3"

 

 Em seu acordo de colaboração premiada, Alan Malouf relatou ao todo 20 fatos que extrapolam, inclusive, os fatos investigados na operação "Rêmora" - e que motivou o acordo de colaboração premiada do empresário.

 

 Entre esses fatos está a formação de um suposto "Caixa 3" - Alan Malouf já disse em depoimentos que teria repassado R$ 10 milhões à campanha de Pedro Taques em 2014. O valor não foi declarado à Justiça Eleitoral, configurando a prática ilegal conhecida como "Caixa 2". Ou seja: o tal do "Caixa 3" teria sido um "esquema ilícito dentro de outro esquema ilícito".

 "Revelou que houve doações não contabilizadas, em especial, de R$ 900.000,00 por Willians Mishur, endereçadas ao então candidato sem que tenha entrado sequer nesse controle paralelo, consistindo no que o colaborador denominou de um verdadeiro 'Caixa 3'", diz trecho do documento de colaboração premiada.

Willians Mishur é proprietário da Consignum - empresa que realiza a gestão de empréstimos consignados aos servidores do Poder Executivo Estadual. A organização é investigada na 2ª fase da operação Sodoma. O empresário teria pago uma propina de R$ 17,6 milhões a organização criminosa que agia no Governo Silval Barbosa, antecessor de Taques, para manter seu contrato com o Poder Público Estadual.

Além deste fato, Alan Malouf cita uma dispensa de licitação vencida pelo posto de combustíveis Marmeleiro, em Cuiabá, que forneceu combustível à campanha de Taques em 2014. A dispensa de licitação teria sido no valor de R$ 41 milhões.