DEU A LÓGICA
Com ajuda de mato-grossenses, Aécio escapa da degola no Senado
18 de Outubro de 2017, 07h45
Não foi difícil. Aécio Neves -PSDB venceu no Senado com mais votos do que precisava. 44 dos 41. Conseguiu, assim, contrariar a decisão da 1ª Corte do Supremo Tribunal Federal -STF que havia lhe afastado do mandato, sob argumentos e provas de ilegalidade.
Aécio foi grampeado em uma conversa com o empresário Joesley Batista, da JBS, na Operação Lava Jato. No áudio, acerta o recebimento de R$ 2 milhões e avisa que o recebedor será o "Fred". "Tem que ser um que a gente mata antes de delatar", diz o senador da República.
Em resposta, alegou que o valor combinado era um empréstimo para o pagamento de um advogado, dando em troca, como garantia ao empresário, um imóvel da família Neves. Uma defesa demasiada cara.
Seja como for, o senador mineiro mostrou que, na política, ter amigos é tudo. É, inclusive, atropelar a mais alta instância do Poder nacional, sob a tese de uma falsa autonomia do Legislativo. Em verdade, pura conveniência.
Não só no caso Aécio, dar ao STF poder de intervenção no Senado significa pôr em xeque o mandato de muitos parlamentares que hoje ocupam cadeiras. Dos 44 favoráveis a Aécio, 19 são investigados em processos da Operação Lava Jato.
Amizade tucana consolidada, em especial com o PMDB, PSDB, PP e PR. Este primeiro fundamental na absolvição, responsável por 18 votos contra o afastamento. Até mesmo o senador afastado por motivos de saúde Romero Jucá compareceu à votação e garantiu o apoio. Resultado final: deu a lógica.
Aécio retorna ao mandato, sem restrição domiciliar e com direito a viagens internacionais oficiais.
Mato-grossenses
Sem surpresa, dois dos três senadores de Mato Grosso votaram em apoio a Aécio. Wellington Fagundes e Cidinho Santos, ambos do PR. O único contrário foi José Medeiros -Pode.
Até a última semana, apenas Fagundes se mantinha em cima do muro. Desceu, entretanto, para o lado que lhe ordenou o partido.
A lista
Abaixo a lista dos senadores que votaram em favor de Aécio:
Airton Sandoval (PMDB-SP)
Antonio Anastasia (PSDB-MG)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Cidinho Santos (PR-MT)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Dário Berger (PMDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Eduardo Amorim (PSDB-SE)
Eduardo Braga (PMDB-AM)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
Elmano Férrer (PMDB-PI)
Fernando Coelho (PMDB-PE)
Fernando Collor (PTC-AL)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Hélio José (PROS-DF)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jader Barbalho (PMDB-PA)
João Alberto Souza (PMDB-MA)
José Agripino (DEM-RN)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Serra (PSDB-SP)
Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omaz Aziz (PSD-AM)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Pedro Chaves (PSC-MS)
Raimundo Lira (PMDB-PB)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Roberto Rocha (PSDB-MA)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissatti (PSDB-CE)
Telmário Mota (PTB-RR)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Wellington Fagundes (PR-MT)
Wilder Morais (PP-GO)
Zezé Perrella (PMDB-MG)