Educação

Alunos da Escola Pindorama protestam contra falta de segurança e cobram investimentos

Onda de assaltos contra estudantes e professores assusta comunidade escolar; alunos também denunciam falta de estrutura

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23 de Outubro de 2014, 06h53

Alunos da Escola Pindorama protestam contra falta de segurança e cobram investimentos
Alunos da Escola Pindorama protestam contra falta de segurança e cobram investimentos

Estudantes prometem manter protestos até que tenham resposta das autoridades e da direção da escolaOs alunos da escola estadual Pindorama, uma das mais tradicionais de Rondonópolis, iniciaram nesta semana uma série de protestos contra a falta de segurança e também de estrutura. Eles reclamam dos assaltos e agressões registrados no entorno da escola e denunciam uma situação precária, que compromete o processo pedagógico e os coloca em risco também dentro da unidade.

A preocupação mais urgente é com a segurança. Há tempos a escola é alvo dos marginais, que chegaram a roubar todos os equipamentos da sala de vídeo. Mas nos últimos meses houve um aumento dos casos de roubos, furtos e vandalismo contra alunos e servidores. Os crimes ocorrem todos os dias e, segundo os estudantes, são praticados por marginais que aparentam ser menores de idade

"Geralmente eles usam uma moto e agem rapidamente. Apontam o revólver e ameaçam disparar se a gente tentar reagir ou fugir. Quase sempre levam o celular; mas, quando a gente não tem o aparelho, roubam o tênis e até a mochila com o material escolar", diz o estudante Gustavo Sanches Cardinal, que tem 16 anos e cursa o primeiro ano do ensino médio.

A estudante Janaína Ferreira já foi assaltada duas vezesA estudante Janaína Santos Ferreira, 16, já foi assaltada duas vezes. Na última foi abordada quando saía da aula de Educação Física, no período noturno. "Eles levaram meu celular e uma correntinha de ouro", contou. "Quase todo mundo na minha sala já passou por isso, estamos assustados e queremos alguma providência para que tenhamos um pouco mais de segurança".

Providência também é o que aguarda o estudante Hiram Dias, que está no segundo ano do ensino médio e lidera os protestos deflagrados nesta semana. Ele cobra uma ação da direção da escola e também das polícias civil e militar para garantir a proteção de todos. Hiram lembra que os professores também são vítimas da violência.

"Na terça-feira (21) jogaram uma pedra enorme no carro de uma professora. Muitas pessoas foram ver o que tinha acontecido e, talvez por isso, a pessoa que fez isso fugiu sem roubar nada que estava no carro. Mas ficou o prejuízo para a professora e a sensação de que ninguém está seguro aqui", diz Hiram.

Estrutura
Se a violência urbana causa medo do lado de fora, dentro dos muros da escola o que assusta os alunos é a precariedade e o descaso. Com 789 alunos, a Escola Pindorama  oferece hoje curso técnico de Informática, Logística e Administração. Apesar disso faltam laboratórios, professor e algumas situações beiram à insalubridade.

No flagrante feito pelos alunos, pombos passeiam no bebedouro da escola"Um dos bebedouros virou viveiro de pombos, trazendo o perigo de contaminação por várias doenças para quem bebe água lá. Nas salas de aula os ventiladores são velhos, ameaçam cair sobre nossas cabeças. A gente tem que escolher entre correr o risco de um acidente ou enfrentar o calor", reclama Hiram

O detalhe é que todas as salas de aula contam aparelhos de ar-condicionado. Foram adquiridos a cerca de quatro anos, numa licitação com suspeita de superfaturamento, porém nunca funcionaram porque a rede elétrica da escola não suporta o aumento de carga. Os aparelhos já são considerados obsoletos e podem ter sido danificados pelo longo tempo sem uso.

O mesmo pode ocorrer com os equipamentos dos laboratórios que deveriam servir aos alunos. A escola recebeu kits para montar cinco laboratórios, mas apenas o de informática é utilizado em aulas práticas. Os de Biologia, Química, Física e Matemática permanecem empacotados, impedindo uma formação melhor dos alunos que se matricularam na escola Pindorama com o sonho de saírem de lá qualificados tecnicamente para o mercado de trabalho.

A falta de professores é outro problema apontado pelos alunos. O caso mais grave ocorreu na disciplina de Química, onde a professora titular sofreu um acidente no início do ano e só foi substituída agora - sete meses após o início do ano letivo.

"Não adianta tentar compensar o tempo perdido obrigando a gente a fazer trabalhos, perdemos muito conteúdo importante que deveria ter sido dado em sala de aula. Isso vai fazer falta no futuro, seja na hora de exercer uma atividade profissional ou quando for fazer o Enem. Fomos prejudicados", reconhece a estudante Cristiany Souza, 17, do 3º Ano.