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Porta-voz de Bolsonaro, Nelson Barbudo disputa vaga na Câmara

Candidato do PSL encampa bandeira da direita, contra o “processo da revolução socialista em curso no Brasil”

por Robson Morais

26 de Setembro de 2018, 10h09

Porta-voz de Bolsonaro, Nelson Barbudo disputa vaga na Câmara
Porta-voz de Bolsonaro, Nelson Barbudo disputa vaga na Câmara

Pelo PSL, o produtor rural Nelson Barbudo é candidato a deputado federal por Mato Grosso. Na internet, ganhou recente visibilidade em vídeos postados em sua rede social, cujos alvos são predominantemente de campo ideológico oposto ao que chama de "esquerdismo". A audiência foi tanta que chegou até o candidato a presidente pelo partido, Jair Bolsonaro. Partiu do cacique, diz Barbudo, um convite pessoal pela candidatura do mato-grossense.

Nos tempos de pré-campanha, Barbudo fez uma espécie de "palanque virtual" em prol do capitão. Tempos depois viabilizou a vinda do PSL ao Estado. O atual deputado Victório Galli segue na presidência. Barbudo é vice.

"O PSL é um partido que cresce, temos muita chance de eleger nossos nomes", calcula. De fato, o caminho é positivo. O PSL precisa de 160 mil votos, possui 16 candidatos e conta, ainda, com os votos de legenda. Isso porque, na formação da chamada chapinha, os votos não são revertidos para o PSDB, que encabeça na majoritária.  "Muita gente vai votar dezessete e não escolher nenhum que já seja politico, com isso o voto de legenda vai pros nossos candidatos. O efeito Bolsonaro vai surpreender", analisa.

Conservador "contra o comunismo"

Conservador, Barbudo se alinha ao pensamento da extrema-direita, "enojado com a podridão da esquerda", como resume. Finca argumento sob o viés de nomes como Olavo de Carvalho, espécie de guru do pensamento direitista, que atualmente mora nos EUA.

É do pensador que Barbudo extrai a chamada estratégia das duas tesouras, originalmente atribuída à primeira grande crise econômica da antiga União Soviética que culminou na chamada oposição de esquerda. Na adaptação moderna do guru se resume a alternância de partidos no poder. Ainda mais adaptada, a tese sugere conluio histórico entre os tucanos do PSDB e os petistas.

É neste cenário que, segundo o candidato, surgem o PSL e nomes como o de Bolsonaro, além do próprio. Ascenção propiciada, em especial pela internet, longe, defende, da "manipulação da mídia" e da "doutrinação esquerdista da universidade". Um novo front ante o "processo revolucionário socialista". "Estamos endireitando", diz. "O povo está buscando esta voz para fugir do socialismo e o comunismo", continua.

Comunismo, socialismo, ideologia de gênero, kit gay... o leque é amplo. Questionado sobre a tese de inexistência da ideologia de gênero, como argumentam educadores e psicólogos focados no comportamento humano e nas relações de percepção de mundo de cada indivíduo, Barbudo rebate. Sobre o mito do tal kit gay, também esclarecido oficialmente, vai além: "O MEC (Ministério da Educação) está dominado por comunistas e a intenção deles é destruir a família. Tudo isso seria distribuído sim, mas houve candidatos de direita e a justiça que impediu", diz, em referência aos supostos materiais produzidos pelo Governo. Segundo a editora responsável pela confecção das cartilhas, o objetivo era a orientação voltada a adultos, educadores, e o conteúdo focado no conceito de sexualidade -deferente de sexo. Imagens de conteúdo explícito, compartilhadas nas redes sociais e atribuídas ao material, jamais fizeram parte da publicação, já defendeu a editora responsável.