Gina Coelho

Inteligência emocional para adolescentes

por Gina Coelho

03 de Julho de 2019, 13h25

Inteligência emocional para adolescentes
Inteligência emocional para adolescentes

Uma das fases mais difíceis na vida do ser humano consiste em deixar o período da infância para se transformar em um adulto, enfrentando mudanças físicas, psicológicas e sociais. Conforme a Organização Mundial de Saúde, a adolescência começa aos 10 e termina aos 20 anos. Como passar por tudo isso com mais leveza?

A Disciplina Positiva surgiu há cerca de 30 anos, trazendo ferramentas que podem ajudar muito no processo de construção de autonomia, inteligência emocional e autoconfiança de crianças e jovens. O mais interessante: sem o uso de violência, ou seja, sem a necessidade de bater, xingar ou castigar.

Você deve estar se perguntando de que maneira isso é feito, afinal, já tentou de tudo sem sucesso e continua perdido. Primeiramente, entenda que preguiça, desânimo, angústia, falta de vontade de fazer tarefas simples e introspecção são comportamentos comuns na adolescência. E impor regras rígidas não resolve.

O castigo não funciona porque coloca o jovem em posição de vítima, o que não contribui para o desenvolvimento da autodisciplina. Então, o objetivo da abordagem é justamente oferecer independência ao jovem, de modo a fazê-lo se sentir estimulado a assumir a responsabilidade por si mesmo e por sua vida.

 Experimentar as consequências das próprias escolhas é o primeiro passo para o amadurecimento pessoal, mas é fundamental um ambiente seguro onde o adolescente possa se sentir à vontade para errar. Isso mesmo, erros são oportunidades para fortalecer valores e exercitar habilidades internas na resolução de problemas.

Qual tipo de educação você desenvolveu até hoje? Se usou mais de pulso firme e excesso de controle, é importante agora dar mais espaço e liberdade. Confie, seu filho poderá surpreendê-lo! Agora, se protegeu e cuidou demais, ele provavelmente terá mais resistência em assumir responsabilidades, porque se acostumou com você fazendo tudo.

 Em meio às crises que surgirem, é importante manter a tranquilidade e exercer uma escuta ativa, ouvindo a opinião do seu filho sem sermão, com respeito e carinho (respire fundo!). Ao invés de impor sua ideia, converse com ele sobre a lista de tarefas para a semana e estabeleça prazos. Deixe claro quais as consequências caso não cumpra o combinado.

 

 

Sempre ensino para as famílias que cabe aos pais servirem de modelo para os filhos. Portanto, tenha uma postura calma, racional e consistente em vez de ser extremamente rígido e crítico. Observe-se e mude você primeiro. Também vale a pena descobrir os interesses e as habilidades para apoiar o jovem em atividades extracurriculares, que é algo que alivia a tensão e gera bem-estar.

 

 

Outra dica importante é aceitar os filhos como são, sem impor expectativas irreais ou sem projetar neles um sonho que é seu. Papel de pai e mãe não vem com manual de instrução, por outro lado, é possível treinar respostas assertivas sem humilhar, criticar ou culpar. Lembre-se que errar fazer parte do aprendizado.

Um dos grandes desafios é fazer com que os pais consigam acertar na dose de firmeza e de generosidade. Por isso, estimule seu filho a pensar sobre as próprias atitudes e as situações cotidianas fazendo perguntas e ajudando-o a participar da resolução de problemas do dia a dia.

Vamos usar como exemplo fazer algo como assistir televisão até tarde, será que este ato tem consequências? Quais são? É importante crianças e jovens desenvolverem pensamento crítico sobre si mesmos e tudo que está à volta. Você também pode incentivá-los a se comunicar verbalmente e a expressar suas emoções.

Longe de buscar fórmulas mágicas para os desafios, é importante que a família adote uma postura que contribua para a construção de uma sociedade mais saudável e amorosa. Portanto, vale a pena experimentar essa abordagem, já ouviu falar na Jornada das Emoções Teen?

 Gina Coelho, psicóloga, especialista em desenvolvimento infanto-juvenil, facilitadora nas relações de educação e psicoeducação, [email protected], @psicologiaginacoelho