MARINHO FRANCO

“Tiramos um peso das costas do município”, avalia secretário sobre venda de aeroporto

Rodrigo Metelo, da Setrat, avaliou como positiva negociação que cedeu a concessão de aeroportos do Estado para Aeroeste por R$40 milhões

por De Rondonópolis - Robson Morais

23 de Março de 2019, 13h34

“Tiramos um peso das costas do município”, avalia secretário sobre venda de aeroporto
“Tiramos um peso das costas do município”, avalia secretário sobre venda de aeroporto

Secretário municipal de Transporte e Trânsito, Rodrigo MeteloEm entrevista ao programa Varejo em Foco, da CDL de Rondonópolis, o secretário municipal de Transporte e Trânsito de Rondonópolis avaliou nesta sexta-feira, 22, como positiva para a administração municipal o leilão que cedeu a concessão dos aeroportos de Mato Grosso para a empresa Aeroeste pelos próximos trinta anos. Entre eles está o aeroporto municipal Maestro Marinho Franco, administrado pela Prefeitura.

Rodrigo Metelo participou do leilão arrematado pela empresa por R$ 40 milhões. O negócio foi fechado no último dia 15, em São Paulo. Além do aeroporto Maestro Marinho Franco, estão inclusos no pacote Centro-Oeste os aeroportos de Várzea Grande, Sinop e Alta Floresta.

"Para o município foi um bom negócio. Nossa expectativa inicial era a de arrecadar R$ 10 milhões na venda do bloco. Superamos bem este valor", explicou o secretário. A previsão é de que a Aeroeste assuma, de fato, o aeroporto municipal a partir do segundo semestre deste ano.

Segundo o secretário, a manutenção do aeroporto municipal custava em torno de R$ 1,5 milhão/ ano para a administração municipal. "Nos últimos anos houve muito investimento. Nos adequamos e garantimos as certificações. Adquirimos equipamentos, ampliamos o conforto no espaço, além da segurança. O município gastou muito dinheiro e agora este recurso poderá, enfim, ser destinado para outras áreas, outras melhorias no município", argumentou.

Para os cofres de Rondonópolis, nenhum centavo destes R$ 40 milhões resultantes da venda serão destinados. O recurso, explicou Metelo, permanecerá congelado em um fundo específico, a título de garantia. A partir de finalizada a concessão, a Aeroeste terá de cumprir metas de melhorias ao longo do tempo de contrato. "Este dinheiro não é nosso. O município poderá seguir intervindo, mas, indiretamente, uma vez que a responsabilidade do aeroporto será da empresa. O bom desta venda será o fato de não termos mais que dispor recursos municipais para a manutenção do aeroporto, que gera um custo alto", disse.

Leilão

O leilão de privatização de 12 aeroportos ocorrido hoje, 15, superou a outorga estipulada pelo governo de R$ 2,1 bilhões. O bloco Centro-Oeste, formado pelos aeroportos de Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Alta Floresta, em Mato Grosso, recebeu duas propostas: a do vencedor, Consórcio Aeroeste, de R$ 40 milhões, um ágio de 4.739% e o Consórcio Construcap-Agunsa, que ofereceu R$ 31,5 milhões, ágio de 3.711,01%.

Já para o bloco Sudeste, formado pelos terminais de Macaé, no Rio de Janeiro, e de Vitória, no Espírito Santo, foram apresentadas quatro propostas. A Zurich Aiport venceu com oferta de R$ 437 milhões, ágio de 830,15%; a ADP do Brasil, R$ 304 milhões, ágio de 547%; a CPC (Companhia de Participações em Concessões), R$ 167 milhões, ágio de 255,47%, e a Fraport, com oferta de R$ 125,002 milhões, ágio de 166,07%.

O ágio médio, diferença entre o mínimo fixado pelo governo para pagamento inicial, e a soma dos lances vitoriosos, foi de 986%.

Em um certame marcado por muitas ofertas, a disputa maior se concentrou no bloco do Nordeste entre o grupo espanhol Aena Desarrollo Internacional e o grupo suíço Zurich Aiport. O grupo espanhol saiu na frente com oferta de R$ 1,850 bilhão. Próximo ao final do leilão, o grupo suíço ofereceu R$ 1,851 bilhão pelo bloco. O lance foi coberto logo em seguida pela Aena, que ofereceu R$ 1,900 bilhão, e levou o bloco.

No total, os lances pelos três blocos somaram R$ 2,377 bilhões. Os terminais estão localizados nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, e, juntos, recebem 19,6 milhões de passageiros por ano, o que equivale a 9,5% do mercado nacional de aviação. O investimento previsto para os três blocos é de R$ 3,5 bilhões, no período de 30 anos.

Regras do edital

As regras do edital preveem a adoção do chamado risco compartilhado entre o governo e as concessionárias vencedoras do leilão. Por esse dispositivo, o pagamento do valor da outorga, de R$ 2,1 bilhões, vai depender da receita bruta da futura concessionária. O edital fixou que essa outorga variável, a ser paga ao longo do período de concessão, será calculada em cima da receita bruta da futura concessionária, sendo o percentual de 8,2% para o bloco Nordeste; 8,8% para o bloco Sudeste; e 0,2% para o Centro-Oeste.

Inicialmente, o novo concessionário não pagará nada pelo período de cinco anos. Após esse período, têm início os pagamentos do percentual da receita até o final do contrato

Os vencedores terão que, em um primeiro momento, realizar melhorias em banheiros; sinalizações de informação; internet wi-fi gratuita; sistemas de climatização; escadas e esteiras rolantes; elevadores, entre outras intervenções.

Essa é a quinta rodada de concessões de aeroportos, iniciadas em 2011, com o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. A aposta do governo é que as concessões podem trazer melhorias na qualidade do serviço com novos investimentos.