MÍDIA

JBS da Educação é mais do oportunismo de Medeiros

por GazetaMT

22 de Maio de 2019, 08h51

JBS da Educação é mais do oportunismo de Medeiros
JBS da Educação é mais do oportunismo de Medeiros

O deputado federal José Medeiros, não de hoje, é um mestre na arte do oportunismo. Pega carona em tudo o que está alta e surfa em direção aos holofotes. Tem sido assim desde seu primeiro mandato tampão no Senado e foi também assim na última eleição quando se escorou em Jair Bolsonaro e no efeito direitista para mudar de status: da candidatura boicotada ao Senado à segunda mais expressiva, em termos de votos, à Câmara.

Recentemente, Medeiros descolou outra crista. Em defesa do corte de 30% anunciado pelo atual ministro da Educação nas universidades públicas, baixou o percentual para 3,5% -como fizera Abraham Weintraub ao maquiar a degola-, chamou de contingenciamento -como também fizera o ministro- e sugeriu o que seria, segundo ele, "um novo escândalo da era petista no comando do país".

Trata-se segundo o deputado, do enriquecimento acelerado do grupo privado Kroton Educacional, maior receptor de inscritos no Fies - Fundo Financiamento Estudantil. Este é um dos programas petistas que garantiu acesso dos mais pobres às instituições de ensino superior no país. Prouni e Fies caminharam juntos, sendo este segundo pouco ou mal explorado.

Para Medeiros, ter criado o Fies de maneira a entregar os recursos de maneira direcionada ao grupo Kroton. O deputado chega à analogia "JBS da Educação". Fundamenta seu discurso nos lucros do grupo Kroton e em dados do Tribunal de Contas da União - TCU, que teria detectado um rombo no Fies de R$ 20 bilhões.

Das considerações, fato que o grupo Kroton se especializou em transformar um direito básico em mercadoria. Vende Educação, em nível acadêmico abaixo do oferecido por uma instituição pública de ensino. Espalhado pelo Brasil com suas faculdades particulares, obviamente, foi um dos grandes recebedores dos incentivos do Fies. Provavelmente, sim, como aponta Medeiros, o maior.

É preciso que se atenha, entretanto, a outro contexto. O Kroton é uma empresa, visa lucro. Talvez, por isso, não seja culpa exclusiva do governo que criou um programa importante a referida ganância. Quando este grupo educacional viu no Fies, por exemplo, oportunidade de negócio, tratou de romper com governo e criar seu próprio programa de financiamento. É simples: o aluno que pelo Fies pagaria o financiamento ao Brasil passou a pagar à empresa. Hoje, as faculdades do grupo Kroton adotam este modelo, o Parcelamento Estudantil Privado -PEP.

Boa parte do atual rombo do Fies extrapola os campos da Educação. Chega, por exemplo, ao campo do desemprego. Jovens recém-formados não encontram oportunidade no mercado de trabalho e se tornam inadimplentes. Outros desistem do curso e, consequentemente, do financiamento. São muitos os casos... Seria preciso uma análise mais criteriosa, como certamente Medeiros não fez.

Em seu discurso, Medeiros não foi um parlamentar preocupado com os custos e qualidade da Educação no país. Foi, repito, oportunismo. Seu amor contido pela estrela vermelha o torna absolutamente cego desde os tempos de Senado. Bater boca com petista lhe rendeu e ainda rende página no jornal. Nada mais que isso.

No início deste mês, quando do anúncio do corte de 30% das universidades públicas, as ações na bolsa de valores B3 dos três maiores grupos educacionais privados do país dispararam. As ações da Kroton Educacional S. A (Anhanguera, Unopar, Pitágoras), Estácio Participações S. A (Estácio de Sá), GAEC Educacão S. A. (São Judas e UniBH) e SER Educacional S. A (Univeritas, Uninassau), registraram uma tendência de alta a partir de 7 de maio. O ponto mais baixo da Kroton foi R$ 9,25. As ações chegaram a ser vendidas a R$ 9,95. A boa nova, certamente, foi comemorada pela presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas -Anup. Elizabeth Guedes, irmã do ministro da Economia, Paulo Guedes.

EM TEMPO: Após a confirmação de uma espécie de "Lava Jato da Educação" feita pelo presidente Jair Bolsonaro, as ações dos grupos privados de educação voltaram a baixar.