RURALISTA

No Senado, Cidinho faz emendas que podem beneficiar sua empresa

por GazetaMT

08 de Novembro de 2017, 08h12

No Senado, Cidinho faz emendas que podem beneficiar sua empresa
No Senado, Cidinho faz emendas que podem beneficiar sua empresa

O senador mato-grossense Cidinho Santos -PR, membro d abancada ruralista da Casa de Leis, fez emendas ao texto de uma Medida Provisória -MP que podem beneficiar uma empresa da qual é sócio e que tem débitos parcelados com Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural- Funrural. As informações são da sucursal do UOL, em Brasília.

Reportagem assinada por Leandro Prazeres traz as alterações feitas à MP 793, que prevê descontos a produtores rurais com débitos junto ao Fundo. Se as emendas feitas por Cidinho entrarem em vigor, sua empresa poderá aderir a um refinanciamento em situações mais favoráveis. 

 Procurado, Cidinho negou que sua empresa fosse devedora do Funrural e disse que "não legislou em causa própria".

 A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN, por outro lado, confirmou que a empresa de Cidinho Santos constava como devedora da União até o dia 30 de outubro, quando parcelou os débitos.

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 A MP 793 foi enviada pelo presidente Michel Temer -PMDB ao Congresso Nacional em julho deste ano.  Ela foi vista como uma medida para ganhar o apoio da bancada ruralista, pois o texto prevê o desconto de multas e juros devidos por produtores rurais em débito com o Funrural, fundo responsável pela aposentadoria de trabalhadores rurais em todo o Brasil. Estimava-se que o total da dívida fosse de R$ 10 bilhões, À época, Temer precisava do apoio da Câmara dos Deputados para se livrar da primeira denúncia contra ele feita pela Procuradoria-Geral da República.

 O texto enviado pelo governo previa, entre outros benefícios, um perdão de  25%  nas multas das dívidas e a possibilidade de parcelamento dos débitos em até  15 anos.  Estudos técnicos indicavam que a MP apresentada pelo governo resultaria em uma perda de  R$ 8,6 bilhões  em arrecadação, perdoada em tempos de crise, Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista. 

Para virar lei, porém, a medida precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República.

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Ontem, 7,  a Comissão Mista responsável por avaliar o texto enviado pelo governo aprovou o relatório da deputada Terezinha Santos -PSB/MS. O texto incorporou algumas das emendas feitas por Cidinho. O mato-grossense, suplente do ministro da Agricultura, Blairo Maggi -PP, é um dos 13 membros titulares da comissão, além de figurar como sócio da empresa União Avícola Agroindustrial, em Mato Grosso.

De acordo com a lista de devedores da PGFN, disponível na internet, a empresa tinha um débito de R$ 3,3 milhões referente a dívidas previdenciárias.

Cidinho foi o autor de cinco emendas ao texto enviado pelo governo ao Congresso Nacional. Em pelo menos duas delas, o texto proposto por ele beneficiaria sua empresa.  O senador sugeriu o perdão de 100% das multas de mora, encargos e honorários advocatícios devidos por produtores rurais "pessoa física" e de companhias que trabalham com a compra de produção rural de terceiros, caso da sua empresa. 

 

O valor é quatro vezes maior do que o proposto pelo governo, que era de um perdão de apenas 25% nesses valores.

 Outra proposta de Cidinho que acabou incluída no texto aprovado pela Comissão Mista é a que vincula o pagamento das dívidas à receita das empresas que trabalham com a compra de produção rural. O texto do governo previa que, após o pagamento de uma entrada, o restante da dívida total poderia ser dividida em até 176 vezes.

 Pela sugestão de Cidinho, a empresa devedora pode parcelar o débito no mesmo prazo, mas o valor das prestações não seriam vinculados ao total da dívida, mas à receita bruta da empresa no ano anterior. 

Na prática, as mudanças propostas por Cidinho Santos aumentam a renúncia fiscal que o governo havia dado ao setor do agronegócio.