SEM CERIMÔNIA

Com novo ministro, Temer mostra que usa o que tem para manobrar em Brasília

por GazetaMT

30 de Maio de 2017, 08h58

Com novo ministro, Temer mostra que usa o que tem para manobrar em Brasília
Com novo ministro, Temer mostra que usa o que tem para manobrar em Brasília

Que o presidente da República Michel Temer usaria de todas as armas políticas as quais detinha para se manter no cargo e não ficar marcado como o mais novo impeachmado era de conhecimento geral da nação. A recente troca de ministros, no entanto, surpreendeu até mesmo para alguém sem escrúpulos. Nos Poderes e na Polícia Federal, ronda o medo de mais censura a operações como a Lava Jato.

Temer disse que seguirá apoiando a operação. Nunca, em verdade, o fizera. Também recentemente, cortou 44% do orçamento da PF e reduziu a equipe destacada especificamente a força-tarefa. As queixas de influência política tanto do presidente quanto de seus aliados acumulam nos bastidores.

Agora a dança das cadeiras. Pela imprensa, o então ministro da Justiça Osmar Serraglio soube que havia sido trocado. Envolvido no escândalo da Operação Carne Fraca, é cotado para assumir o Ministério da Transparência, antiga Controladoria Geral da União. Antes mesmo de oficializar a nova cadeira, já foi alvo de protesto da imensa maioria dos servidores. Seus atos os desqualificam para tal posto, é que frisam os funcionários da Casa.

Sobre o novo ministro da Justiça. Torquato Jardim, homem de estrita confiança de Temer. Em um de seus primeiros atos, gravou um vídeo em que afirma categoricamente aos servidores: seu papel será o de proteger o presidente da República. Alinhamento ideológico, filosófico e político. "Isso pressupõe uma compatibilidade política, filosófica, ideológica de cada qual com o governo de transição do presidente Michel Temer. Quem tiver uma incompatibilidade insuperável de qualquer tipo, qualquer circunstância, tenho certeza, terá a dignidade de pedir espontaneamente a sua exoneração" deixou registrado como recado.

Entidades e políticos de oposição seguem firme nas críticas ao escolhido, mas tendo como alvo primário a própria figura de Temer. Ontem, no noticiário da TV Globo, o texto de uma reportagem ilustra bem o atual momento: "Temer usará todas as ferramentas disponíveis para ficar. Uma delas é a caneta".

Fiel ao chefe, Jardim questionou, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, a abertura de inquérito contra o presidente da República, uma de suas muitas manifestações de afeto.

Há pouco mais de um ano frente ao governo brasileiro, a escancarada crise política faz Temer apelar indiscriminadamente e ir a público como um protagonista apelativo. Como muitos já afirmaram, Temer não indicou um novo ministro, mas, sim, um advogado de defesa. O presidente quer se blindar para não cair. É simples assim, sem cerimônia.