TETO DE VIDRO

No Senado, W.F. integra comissão contra setor que lhe doou R$ 150 mil

Reportagem de O Globo destacou 14 senadores que compõe a CPI para investigar tragédia de Brumadinho. Seis receberam doações de mineradoras

por De Rondonópolis - Robson Morais

15 de Março de 2019, 09h05

No Senado, W.F. integra comissão contra setor que lhe doou R$ 150 mil
No Senado, W.F. integra comissão contra setor que lhe doou R$ 150 mil

Reportagem publicada hoje, 15, pelo jornal carioca O Globo destaca que seis dos 14 senadores que compõem a CPI instalada para investigar a tragédia de Brumadinho (MG) já receberam, direta ou indiretamente, verba de mineradoras em suas campanhas em eleições passadas. Entre eles está o mato-grossense Wellington Fagundes -PR.

O parlamentar recebeu R$ 150 mil em 2014 como doação direta da mineradora Cavalca Construções e Minerações Ltda. O grupo possui sedes instaladas em Várzea Grande (MT) e em Cascavel (PR), mas atua em todo o Brasil. A empresa, "atualmente, está entre as melhores do mercado no setor de engenharia rodoviária, mineração e construção industrial", se gaba a companhia em seu site oficial.

Outros nomes

A reportagem de O Globo cita outros parlamentares com possível teto de vidro. O senador Carlos Viana (PSD-MG), nomeado relator da CPI, recebeu R$ 100 mil de um executivo Luís Fernando Franceschini, diretor do Grupo Biogold, nas eleições de 2018. Procurado, ele diz que há uma diferença entre receber uma doação legal e defender uma atuação das empresas que ponha vidas em risco.

"Uma coisa é receber uma doação legal, outra é concordar com coisa errada. Pela importância do setor da mineração, é muito difícil em Minas Gerais não buscar um setor que tenha uma coisa ligada à mineração, ou um ex-funcionário".

Viana diz, ainda, que "não deve nada" a Franceschini, recebeu a doação através de pessoas do partido e nunca esteve com o diretor.

"Acho que a força-tarefa em Minas deveria também incluir (essa questão) nesse procedimento (de investigação) na Vale, saber: a empresa financiou alguém? Quem foram os financiados? Seria ótimo colocar isso a limpo", acrescentou.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) recebeu R$ 18 mil da Vale e R$ 13 mil de outras mineradoras nas eleições de 2014, verba repassada através de outros candidatos do seu partido. Otto Alencar (PSD-BA), outro senador a integrar a CPI, recebeu R$ 1,4 mil da Vale em 2014, também encaminhados por outro candidato.

Também em doações diretas, a senadora Rose de Freitas (PODE-ES) recebeu R$ 200 da Salobo, projeto de cobre da Vale, em 2014. Jean Paul Prates (PT-RN), suplente de Fátima Bezerra, fez campanha em 2014 com R$ 58 da Serveng, grupo que atua com obras, energia e mineração.