“COMIGO NÃO TÁ”

Durante coletiva, Pátio tenta transferir responsabilidade sobre falta de estrutura no combate a Covid-19 para o Governo do Estado

por Redação

03 de Junho de 2020, 14h17

Foto: Messias Filho/GazetaMT
Foto: Messias Filho/GazetaMT

Durante sua entrevista coletiva à imprensa de Rondonópolis sobre o aumento nos casos de coronavírus no município e fechamento total do comércio nos finais de semana, o prefeito José Carlos do Pátio, quase de forma sutil (quase) ensaiou a possível estratégia de transferência de responsabilidade que adotará caso a cidade atinja um cenário mais grave na proliferação local da doença. Jogou parte da culpa para o Governo do Estado.

Segundo o prefeito, na proporcionalidade, Rondonópolis encontra-se em situação pior que a de Cuiabá quando levantados os casos confirmados de coronavírus, à medida em que na capital o Estado adquiriu 120 leitos de UTI para a rede pública de Saúde, enquanto que, por aqui, a capacidade é de apenas 10 leitos. Pátio está certo nos números, é fato, mas tenta lubidriar a imprensa ao não fazer faz a mea culpa.

Em primeiro lugar, os 10 leitos de UTI a que se refere o prefeito são, na verdade, leitos de suporte. Ou seja, não dispõem de todo o aparato para que sejam considerados leitos completos de UTI. Até o momento, nenhum sequer foi credenciado junto ao Ministério da Saúde, justamente porquê, no entendimento federal, o município possui um total de zero nos moldes adequados. Sem os ajustes necessários, Rondonópolis periga, inclusive, perder recursos federais destinados ao combate do coronavírus.

Outro ponto: desde o início da pandemia, entre compras adquiridas e intenções fracassadas, a gestão Zé do Pátio já gastou cerca de R$ 20 milhões de reais. Neste montante, importante lembrar, estão os mais de R$ 4 milhões gastos em respiradores falsos -dos quais a polícia recuperou apenas R$ 3 milhões – e a intenção de compra de papel toalha e papel higiênico pelo valor de R$ 750 mil. O caso foi denunciado e a Prefeitura recuou, dizendo que jamais fizera tal aquisição. O prefeito que sempre alardeou seus gastos “com recursos próprios”, agora, pede à imprensa que “defenda Rondonópolis” e, indiretamente, cobre a destinação estadual para evitar o previsível colapso. Papel que, lá no início, ele mesmo não fez. 

Em resposta, também fatos confirmados, Rondonópolis tem apenas 20 leitos de UTIs públicas, sendo 10 já contratualizados pelo Governo do Estado na Santa Casa e mais 10 também do Estado no Hospital Regional. Além disso, o governo estadual está com o diálogo aberto para contratar mais dez leitos na Santa Casa, porém o hospital quer garantias formais de contratualização do serviço.